domingo, 25 de novembro de 2012

E KÁÀSAN!!!!!
BOA TARDE!!!! HOJE VENHO EFATIZAR A IMPORTANCIA DO CULTO AO ÒRÌSÀ ORÍ


quanto a importância e precedência do ORÍ em relação aos demais ORISA, um Itan do ODU OTURA MEJI, ao contar a história de umORÍ que se perdeu no caminho que o conduzia do ORUN para o AIYE, relata: "... OGUN chamou ORÍ e perguntou-lhe, "Você não sabe que você é o mais velho entre os ORISA? Que você é o líder dos ORISA?'..." . Sem receio podemos dizer, "ORÍ mi a ba bo ki a to bo ORISA", ou seja, "MeuORÍ, que tem que ser cultuado antes que o ORISA" e temos um orikidedicado à ORÍ que nos fala que "Ko si ORISA ti da nigbe leyin ORI eni", significando, "... Não existe um ORISA que apoie mais o homem do que o seu próprio ORÍ...". 

Quando encontramos uma pessoa que, apesar de enfrentar na vida uma série de dificuldades relacionadas a ações negativas ou maldade de outras pessoas, continua encontrando recursos internos, força interior extraordinária, que lhe permitam a sobrevivência e, inclusive, muitas vezes, mantém resultados adequados de realização na vida , podemos dizer, "ENIYAN KO FE KI ERU FI ASO, ORI ENI NI SO NI", ou seja, "as pessoas não querem que você sobreviva, mas o seu ORÍ trabalha para você", trazendo, essa expressão, um indicador muito importante de que um ORÍresistente e forte é capaz de cuidar do homem e garantir-lhe a sobrevivência social e as relações com a vida, apesar das dificuldades que ele enfrente.

Esta é a razão pela qual o BORI, forma de louvação e fortalecimento do ORÍutilizada em nossa religião, é utilizado muitas vezes, precedendo ou, até, substituindo um EBO. Isso se faz para que a pessoa encontre recursos internos adequados, esta força interior de que falamos, seja à adequação ou ajustamento de suas condições frente às situações enfrentadas, seja quanto ao fortalecimento de suas reservas de energia e consequente integração com suas fontes de vitalidade. 

É importante dizer que é o ORÍ que nos individualiza
 e, por consequência, nos diferencia dos demais habitantes do mundo. Essa diferenciação é de natureza interna e nada no plano das aparências físicas nos permite qualquer referencial de identificação dessas diferenças. Sinalizando essa condição, talvez uma das maiores lições que possamos receber com respeito a ORÍ possa ser extraída do Itan ODU OSA MEJI, que reproduzimos a seguir e que é a resposta que foi dada por IFA para Mobowu, esposa deOGUN, quando ela foi lhe consultar:



"ORÍ buruku ki i wu tuulu.
A ki i da ese
 asiweree mo loju-ona.
A ki i m' ORÍ oloye lawujo.
A dia fun Mobowu
Ti i se obinrin Ogun.
ORÍ ti o joba lola,
Enikan o mo
Ki toko-taya o mo
 
pe'raa won ni were mo.
ORÍ ti o joba lola,
Enikan o mo.
 
" 

TRADUÇÃO
 


"Uma pessoa de mau ORÍ não nasce com a cabeça diferente das outras.
Ninguém consegue distinguir os passos do louco na rua.
Uma pessoa que é líder não é diferente
E também é difícil de ser reconhecida.
É o que foi dito à Mobowu, esposa de OGUN, que foi consultar IFA.
Tanto esposo como esposa não deviam se maltratar tanto,
Nem fisicamente, nem espiritualmente.
O motivo é que o ORÍ vai ser coroado
E ninguém sabe como será o futuro da pessoa."

Para os yoruba o ser humano é constituído dos seguintes elementos:
ARA, OJIJI, OKAN, EMI e ORÍ.
ARA é corpo físico, a casa ou templo dos demais componentes.
OJIJI é o "fantasma" humano, é a representação visível da essência espiritual.
OKAN é o coração físico, sede da inteligência, do pensamento e da ação.
EMI, [1] está associado a respiração, é o sopro divino.
Quando um homem morre, diz-se que seu EMI partiu. 

ORÍ é o ORISA pessoal, em toda a sua força e grandeza. ORÍ é o primeiroORISA a ser louvado, representação particular da existência individualizada (a essência real do ser). É aquele que guia, acompanha e ajuda a pessoa desde antes do nascimento, durante toda vida e após a morte, referenciando sua caminhada e a assistindo no cumprimento de seu destino. 

ORÍ em yoruba tem muitos significados - o sentido literal é cabeça física, símbolo da cabeça interior (ORÍ
 Inu
). [Transcentetalmente, tudo que espiritualmente é superior e está acima do ser humano (llm)]

Enquanto ORISA pessoal de cada ser humano, com certeza ele está mais interessado na realização e na felicidade de cada homem do que qualquer outro ORISA. Da mesma forma, mais do que qualquer um, ele conhece as necessidades de cada homem em sua caminhada pela vida e, nos acertos e desacertos de cada um, tem os recursos adequados e todos os indicadores que permitem a reorganização dos sistemas pessoais referentes a cada ser humano. Reforçando esta questão temos um oriki que nos diz
"ORÍ lo nda eni
Esi ondaye ORISA lo npa eni da
O npa ORISA da
ORISA lo pa nida
Bi isu won sun
Aye ma pa temi da
Ki ORÍ mi ma se ORÍ

Ki ORÍ mi ma gba abodi" 


TRADUÇÃO
 

"ORÍ é o criador de todas as coisas
ORÍ é que faz tudo acontecer, antes da vida começar
É ORISA que pode mudar o homem
Ninguém consegue mudar ORISA
ORISA que muda a vida do homem como inhame assado
AYE*, não mude o meu destino
Para que o meu ORÍ não deixe que as pessoas me desrespeitem
Que o meu ORÍ não me deixe ser desrespeitado por ninguém
Meu ORÍ, não aceite o mal."
(* AYE - conjunto das forças do bem e do mal)

Como foi dito, não existe um ORISA que apoie mais o homem do que o seu próprio ORÍ.
Um trecho do adura (reza) feito durante o assentamento de um IGBA-ORÍdiz: 

"KORIKORI, 

Que com o ase
 
do próprio ORÍ,
O ORÍ vai sobreviver
KOROKORO 

Da mesma forma que o ORÍ de Afuwape sobreviveu,
O seu sobreviverá.
...Ele será favorável a você.
Tudo de que você precisa,
Tudo o que você quer para a sua vida,
É ao seu ORÍ que você deverá pedir.
É o ORÍ do homem que ouve o seu sofrimento..."

O que é então ORÍ, de que a natureza é constituído e qual o seu papel na vida do homem? Em primeiro lugar, acredita-se que o corpo humano é constituído de duas partes: a cabeça e o suporte - ORÍ e APERE.
Acredita-se que este corpo adquire existência na medida em que recebe deOLODUNMARE o sopro vivificador - o EMI.[2] 

Este sopro foi o agente do processo da criação em seu primeiro momento e tem sido o responsável pela geração e continuidade de toda a vida no universo. 

Este modelo descrito e de entendimento abrangente para todas as formas de vida é repetido no ser humano. A cabeça e o seu suporte, ORI-APERE são formados a partir dos elementos matrizes, enquanto o ORI-INU, interior, representa, na sua constituição, uma combinação de elementos, porções de matéria-massa que é particularizada durante o processo de modelagem de cada ORÍ. Ele é único e, por conta disso, particulariza e dá individualização à existência.
Essa combinação "química" definirá parte das relações do homem com o mundo sobrenatural e a religião, na medida em que determina o seu ELEDA, ORISA - símbolo do elemento cósmico de formação, a que chamamos, adiante, de IPORI, daquele ORI-INU em particular. 

No Brasil vimos, com certa frequência, o ELEDA ser chamado de ORISA-ORI, simplificação da relação aqui exposta. ELEDA segundo Juana Elbein dos Santos em Os Nagô e a Morte, "se refere à entidade sobrenatural, à matéria-massa que desprendeu uma porção da mesma para criar um ORÍ, consequentemente Criador de cabeças individuais..." 

Segundo a autora , "A espécie de material com o qual são modelados osORÍ individuais indicará que tipo de trabalho é mais conveniente, proporcionando satisfação e permitindo a cada um alcançar prosperidade. Indica também as interdições - EWO
 
- aquilo que lhe é proibido comer, por causa do elemento com o qual o seu ORÍ foi modelado". 

Ou seja, os EWO
 
representam a proibição de que o indivíduo "coma" alimentos que contenham a mesma "matéria" da qual foi retirada uma porção para modelagem do seu ORÍ. A não observância da interdição traduz-se por uma disfunção energética de consequências profundamente negativas para o equilíbrio do indivíduo, seja do ponto de vista orgânico, seja do ponto de vista do mundo emocional, seja quanto as suas condições de realização do "programa" particular de existência. 

Falamos até aqui sobre a natureza e a constituição do ORÍ. Agora, qual o seu papel na vida do homem?
O conceito de ORÍ está intimamente ligado ao conceito de destino pessoal e à instrumentalização do homem para a realização deste destino. Um Itan doODU OGUNDA MEJI, nos dá a exata dimensão da matéria quando nos relata sobre a correspondência entre o ORÍ e o homem e a relação de causa e efeito existente nesta correspondência:

"...ORÍ, eu te saúdo!
Aquele que é sábio,
Foi feito sábio pelo próprio ORÍ.
Aquele que é tolo,
Foi feito mais tolo que um pedaço de inhame,
Pelo próprio ORÍ..."

No ODU OGBEYONU (Ogbe Ogunda) vamos encontrar ainda, "...Quando acordo pela manhã coloco minha mão no ORÍ. ORÍ é fonte de sorte. ORÍ éORÍ!...". e um oriki dedicado à ORÍ, mostrando o papel que ORÍ tem na vida de cada pessoa quanto as suas relações interpessoais, suas relações com as outras pessoas, e as suas condições de realização e progresso em todos os empreendimentos da vida, nos diz:

"
ORI mi
Mo ke pe o
 o
ORI mi
A pe je
ORI mi
Wa je
 
mi o
Ki ndi olowo o
Ki ndi olola
Ki ndi eni a pe sin
Laye
O, ORI mi
Lori a jiki
ORI mi lori a ji yo mo
 Laye"

TRADUÇÃO 

"Meu ORÍ
Eu grito chamando por você
Meu ORÍ,
Me responda
Meu ORÍ,
Venha me atender
Para que eu seja uma pessoa rica e próspera
Para que eu seja uma pessoa a quem todos respeitem
Oh, meu ORÍ!
A ser louvado pela manhã,
Que todos encontrem alegria comigo"

Toda existência no universo da Criação se processa em dois planos: O mundo visível, o AIYE, universo concreto que habitamos, e o mundo invisível, ORUN, onde habitam os seres sobrenaturais e os " duplos" de tudo o que se encontra manifestado no AIYE. Não são, como é possível pensar, mundos independentes ou rigidamente separados. Na realidade podemos afirmar que o AIYE é, antes de mais nada, uma "projeção" da realidade essencial que tem existência e se processa no ORUN. 

Como diz a Profa. Dra. Iyakemi Ribeiro, em seu livro "Alma Africana no Brasil: os iorubás", "Para o negro-africano o visível constitui manifestação do invisível. Para além das aparências encontra-se a realidade, o sentido, o ser que através das aparências se manifesta. Sob toda manifestação viva reside uma força vital: de Deus a um grão de areia, o universo africano é sem costura. (Erny, 1968:19) Universo de correspondências, analogias e interações, no qual o homem e todos os demais seres constituem uma única rede de forças." 

É necessário entender, assim, que AIYE e ORUN constituem uma unidade e, enquanto expressões de dois níveis de existência, são inseparáveis e complementares. Essa unidade é simbolizada pelo IGBA-ODU, cabaça formada de duas metades unidas onde a parte inferior representa o AIYE e a parte superior representa o ORUN. No interior, os "elementos indispensáveis à existência individualizada". Poderia ser representada por uma figura e sua imagem refletida no espelho - há plena identidade entre elas, uma é apenas a imagem invertida da outra. 

Podemos dizer nessa figuração que o AIYE é a imagem refletida do ORUN. Essa analogia provavelmente explica a situação conhecida de que os ODU,quando vieram do ORUN para o AIYE, tiveram sua ordem de precedência invertida. Ou seja, muito embora no AIYE considere-se OGBE MEJI como o mais antigo dos ODU, todo Babalawo saúda OFUN MEJI, ou ORANGUN MEJI como é também conhecido, em sua realeza, dizendo: eepa ODU!, louvando assim sua antiguidade e sua precedência efetiva. 

Temos assim que toda existência no AIYE reflete uma realidade anterior existente no ORUN. A existência no AIYE implica em processar-se uma "modelagem" anterior no ORUN, a partir da qual porções de matérias-massas que constituem a base da existência genérica são tomadas em fragmentos particulares e vão constituir a manifestação dessa existência em forma individualizada no AIYE. 

Esses elementos matrizes possuem, por consequência, dupla existência: uma parcela presente no ORUN e a outra parcela dando vitalidade ou formação às diferentes partes que formam a "realidade" individualizada de vida. A esses fragmentos particulares retirados da massa genitora chamamos IPORI e é ele, IPORI, que determinará o ORISA que cada indivíduo cultuará no AIYE, condicionando também sua instrumentalização particular na relação com a vida e o repertório possível de escolhas que possa realizar. 

Aqui é importante reforçarmos que ORUN não tem o mesmo significado que céu, assim como AIYE não tem a mesma representação que terra. ORUN - AIYE nos trazem conceitos muito diferentes do binômio céu - terra a que possamos ter nos acostumado pelas condições sincréticas que a religião dos ORISA terminou por apresentar no Brasil. Ao par céu - terra correspondem os conceitos de SANMO
 - ILE.
A RESPEITO DO DESTINO HUMANO [3]

Podemos perceber que a compreensão sobre o papel que ORÍ desempenha na vida de cada homem está intimamente relacionado à crença na predestinação - na aceitação de que o sucesso ou o insucesso de um homem depende em larga escala do destino pessoal que ele traz na vinda doORUN para o AIYE. A esse destino pessoal chamamos KADARA ou IPIN e é entendido que o homem o recebe no mesmo momento em que escolhe livremente o ORÍ com que vai vir para a terra. 

ORÍ desempenha um papel importante para os seguidores de IFA. Nele acredita-se que escolhemos nossos próprios destinos. E nós o fazemos mediante os auspícios do ORISA IJALA MOPIN. A esfera de ação de IJALAé junto a OLODUNMARE e é ele que sanciona as escolhas de destino que fazemos. Essas escolhas são documentadas pelas divindades que chamamos de ALUDUNDUN. Um verso de IFA [do Odu Ogbe-Ogunda] explica esta questão: 

"Você disse que foi apanhar o seu ORÍ.
Você sabia onde Afuwape apanhou o seu ORÍ?
Você poderia ter ido lá para apanhar o seu.
Nós pegamos nossos ORÍ nos domínios de IJALA,
Assim somente nossos destinos diferem" 

IJALA é responsável pela modelação da cabeça humana, e acredita-se que oORÍ e o ODU - signo regente de seu destino que escolhemos, determina nossa fortuna ou atribulações na vida, como foi dito.
IJALA, embora notável em sua habilidade, não é muito responsável e, por isso, muitas vezes modela cabeças defeituosas: pode esquecer de colocar alguns acabamentos ou detalhes desnecessários, como pode, ao levá-las ao forno para queimar, deixá-las por um tempo demasiado ou insuficiente. 

Tais cabeças tornam-se assim, potencialmente fracas, incapazes de empreender a longa jornada para a terra, sem prejuízos. Se, desafortunadamente, um homem escolhe uma dessas cabeças mal modeladas, estará destinando a fracassar na vida. 

Durante sua jornada para a terra, a cabeça que permaneceu por tempo insuficiente ou demasiado no forno, poderá não resistir à ação de uma chuva forte e chegará mais danificada ainda. Todo o esforço empreendido para obter sucesso na vida terrena terá grande parte de seus efeitos desviada para reparar tais estragos. 

Pelo contrário, se um homem tem a sorte de escolher uma das cabeças realmente boas, tornar-se próspero e bem sucedido na terra, uma vez que sua cabeça chega intacta e seus esforços redundam em construção real de tudo aquilo que se proponha a realizar. 

O trabalho árduo trará, ao homem afortunado em sua escolha, excelentes resultados, já que nada é necessário dispender para reparar a própria cabeça. Assim, para usufruir o sucesso potencial que a escolha de um bom ORI acarreta, o homem deve trabalhar arduamente. Aqueles, entretanto que escolheram um mau ORI têm poucas esperanças de progresso, ainda que passem o tempo todo se esforçando. 

Sendo estes os pressupostos, retomamos as perguntas: Como saber se a escolha do próprio ORÍ foi boa ou má? Pode um homem conhecer as potencialidades da própria cabeça ou da cabeça de outrem? 

O Jogo divinatório de IFA possibilita que a pessoa tome conhecimento dos desígnios do próprio ORÍ, saiba a respeito do ORISA ou IRUNMALE
 que deve ser cultuado e conheça seus EWO 
- proibições quanto ao consumo de alimentos, uso de cores e condutas morais. 

Muitas referências são feitas às relações entre ORÍ e o destino pessoal. O destino descrito como IPIN ORI - a sina do ORI - pode ser dividido em três partes: AKUNLEYAN, AKUNLEGBA E AYANMO. 

AKUNLEYAN é o pedido que você fez no domínio de IJALA - o que você gostaria especificamente durante seu período de vida na terra: o número de anos que você desejaria passar na terra, os tipos de sucesso que você espera obter, os tipos de parentes que você deseja. 

AKUNLEGBA são aquelas coisas dadas a um indivíduo para ajudá-lo a realizar esses desejos. Por exemplo: uma criança que deseja morrer na infância pode nascer durante uma epidemia para garantir a morte dele ou dela. 

AYANMO
 
é aquela parte do nosso destino que não pode ser mudada: nosso gênero (sexo) ou a família em que nascemos, por exemplo. 

Ambos, AKUNLEYAN e AKUNLEGBA podem ser alterados ou modificados quer para bom ou para mau, dependendo das circunstâncias. 

Assim o destino descrito como IPIN ORÍ - a sina do ORÍ pode sofrer alterações em decorrência da ação de pessoas más chamadas como ARAYE - filhos do mundo, também chamadas AIYE - o mundo ou ainda, ELENINI - implacáveis (amargos, sádicos, inexoráveis) inimigos das pessoas. 

Entre estes encontram-se as AJE
 
- bruxas, os OSO - feiticeiros, os envenenadores e todos aqueles que se dedicam a práticas malignas com intuito de estragar qualquer oportunidade de sucesso humano. 

Sacrifício e ritual podem ajudar a melhorar as condições desfavoráveis que podem ter resultados destas maquinações maléficas imprevisíveis. 

Todo ORÍ, embora criado bom, acha-se sujeito a mudanças. Vimos que feiticeiros, bruxas, homens maus e a própria conduta podem transformar negativamente um ORÍ, sendo sinal dessa transformação uma cadeia interminável de infelicidades na vida de um homem a despeito de seus esforços para melhorar. 

O ORÍ, entidade parcialmente independente, considerado uma divindade em si próprio, é cultuado entre outras divindades, recebendo oferendas e orações. Quando ORÍ INU está bem, todo o ser do homem está em boas condições. 

Como foi dito, nossos ORÍespirituais são por eles mesmos subdivididos em dois elementos:  
APARI-INU = representa o caráter (natureza),
ORÍ APERE = representa o destino. 

Um indivíduo pode vir para a terra com um destino maravilhoso, mas se ele ou ela vem com mau caráter (natureza), a probabilidade de desempenho (cumprimento, execução) desse destino é severamente comprometida. 

O destino também pode ser afetado, então, pelo caráter da própria pessoa. Um bom destino deve ser sustentado por um bom caráter. 

Este é como uma divindade: se bem cultuado concede sua proteção. Assim, o destino humano pode ser arruinado pela ação do homem. IWA RE
 LAYE YII NI YOO DA O LEJO
, ou seja, - "Seu caráter, na terra, proferirá sentença contra você". 

No ODU de OGBEOGUNDA, IFA diz:

"Um pilão realiza três funções
Ele tritura inhame
Ele tritura índigo
Ele é usado como uma tranca atrás da porta
Foi feito um jogo adivinhatório para Oriseku, ORÍ-Elemere e Afuwape
Quando eles foram escolher seus destinos nos domínios de IJALA - MOPIN
Foi solicitado para eles que realizassem rituais
Somente Afuwape realizou os rituais que foram solicitados
Ele, em consequência, tornou-se muito afortunado 

Os outros lamentaram, disseram que se soubessem onde Afuwape escolheria seu ORÍ, eles teriam ido até lá para escolher os seus também. 

Afuwape respondeu que, embora seus ORÍ fossem escolhidos no mesmo lugar, seus destinos é que diferiam."

A questão que aí se apresenta é que somente Afuwape mostrou bom caráter. Respeitando sua crença e realizando seus sacrifícios, ele trouxe as bençãos potenciais de seu destino para a efetiva realização. Seus amigosOriseku e ORÍ-Elemere falharam em mostrar bom caráter pela recusa em realizar seus rituais e, por isso, suas vidas sofreram as consequências. 

O nome IPIN está igualmente associado à ORUNMILA, conhecido comoELERI-IPIN - o Senhor do Destino e que é aquele que esteve presente no momento da criação, conhecendo todos os ORÍ, assistindo o compromisso do homem com seu destino, os objetivos de cada um no momento de sua vinda para o AIYE, o programa particular de desenvolvimento de cada ser humano e sua instrumentalização para o cumprimento desse programa. 

ORUNMILA
 conhece todos os destinos humanos e procura ajudar os homens a trilhar seus verdadeiros caminhos. Temos, assim, que um dos papeis mais importantes de IFA em relação ao homem, além de ser o intérprete da relação entre os ORISA e o homem, é o de ser o intermediário entre cada um e o seu ORÍ, entre cada homem e os desejos de seu ORÍ. Apenas como registro, é preciso entender que esse mesmo papelORUNMILA tem na relação com os demais ORISA, sendo o intermediário entre cada um e o seu ORÍ. E ORUNMILA, Ele mesmo, consulta IFA! 

Nos momentos de crise, a consulta ao oráculo de IFA permite acesso a instruções a respeito dos procedimentos desejáveis, sendo considerados bons procedimentos os que não entram em desacordo com os propósitos do ORÍ.
O ser que cumpre integralmente seu IPIN-ORÍ (destino do ORÍ), amadurece para a morte e, recebendo os ritos fúnebres adequados, alcança a condição de ancestral ao passar do AIYE para o ORUN. 

Há a crença na existência de duas áreas ocupadas por espíritos dos mortos:ORUN RERE - o bom "céu", habitado pelas divindades e ancestrais, eORUN APAADI - o "céu" de muitas infelicidades, habitado pelos infelizes que sofreram má sorte e pelos maus, julgados pelo Ser Supremo, segundo o ser caráter. Estes últimos ficam condenados à solidão e ao esquecimento, sem direito a lembrança ou a aparecerem em sonhos e visões - morrem totalmente. 

ORUN RERE, por outro lado, é prazeiroso e sereno, vivendo os espíritos numa comunidade composta de parentes e amigos. Podem também permanecer junto aos familiares e intervir em suas atividades diárias, sendo-lhes permitido reencarnar em alguma criança nascida no âmbito familiar. 

A respeito do ORÍ, resta ainda lembrar que trata-se de uma divindade pessoal, a mais interessada de todas no bem estar de seu devoto. Se o ORÍde um homem não simpatiza com sua causa, aquilo que ele deseja não pode ser concedido nem por OLODUNMARE, nem pelos ORISA. 

Da mesma forma se o caráter de um indivíduo é mau, sua escolha de destino pode não se realizar. Se nossa situação é realmente de um mau destino, e não é uma consequência de nosso caráter ou comportamento, então nossoORÍ-APERE precisa ser apaziguado. 

Oferendas prescritas ou rituais devem ser realizados para nos trazer de volta a um alinhamento saudável. 

Considera-se vital para todo homem recorrer a IFA, sistema divinatório de consulta a ORUNMILA, a intervalos regulares para tomar conhecimento do que agrada ou desagrada o próprio ORÍ. Enquanto intermediário entre a pessoa e as divindades ( entre as quais o próprio ORÍ ) 

IFA não apenas informa sobre os desejos divinos mas também conduz os sacrifícios ofertados às divindades para que estas possam cumprir seu papel: ajudar os ORÍ a conduzirem as pessoas à realização do próprio destino. 

Se as coisas estão indo mal em sua vida, antes de apontar um dedo acusador para as bruxas, para feitiços ou para seus inimigos, examine sua natureza. 

Se Você tem por hábito maltratar as pessoas ou não considerar seus sentimentos, não procure qualquer felicidade ou sorte em sua vida, não importando o quanto Você possa ser bem sucedido materialmente. 

Se, por outro lado, Você ajuda os outros e dá felicidade a eles, sua vida será cheia, não só de riquezas mas também de alegria e felicidade. No entanto, lembre-se, é decididamente muito mais fácil alterar seus destino do que sua natureza. 

"Por toda parte onde ORÍ seja próspero, deixe-me estar incluído,
Por toda parte onde ORÍ seja fértil, deixe-me estar incluído,
Por toda parte onde ORÍ tenha todas as coisas boas da vida, deixe-me estar incluído.
ORÍ, coloque-me em boa situação na vida,
Que meus pés me conduzam para onde as coisas me sejam favoráveis.
Para onde IFA está me levando eu nunca sei
Jogaram para Assore no início de sua vida.
Se há qualquer condição melhor do que aquela em que estou no presente,
Que possa meu ORÍ não falhar em colocar-me nela.
Meu ORÍ me ajude!
Meu ORÍ, faça-me próspero!
ORÍ é o protetor do homem antes das divindades."
BORI [4]

BORI é o ritual de "dar comida" ou alimentar o ORI (bo
 ORI). Deve ser sempre precedido de um jogo que defina sua necessidade e, ao mesmo tempo, oriente o sacerdote sobre os procedimentos particulares para o caso, os ingredientes a serem utilizados naquela situação e o encaminhamento adequado a ser dado para aquela necessidade. 

Assim, pode-se realizar um BORI apenas com um ou dois obi e água ou com todo um conjunto de alimentos e a louvação de objetos-símbolos especialmente sacralizados para a ocasião.
É importante entender que sempre que se louva algum tipo de alimento noORÍ de alguém está se procedendo a alimentação daquele ORÍ. 

O BORI pode se apresentar como necessário para alguém em função de algumas situações. 

Entre elas: 

· como processo de religação do ORÍ com o seu duplo no ORUN, 

· como resposta à condições de "stress" ou fragilização das estruturas psicológicas 
do indivíduo resultantes de situações particulares de vida, 

· como ritual propiciatório ou complementar a um ebo, 

· como ritual propiciatório a processos iniciáticos, 

· como resposta a uma necessidade espiritual resultante de feitiço ou destino, 

· como indicação de algum Odu (IFA), a partir da interpretação das condições ligadas ao personagem mítico que se apresenta em um dos Itancorrespondentes ao Odu.

Pode-se, no geral das situações, estabelecer um ritual básico a ser seguido, não significando isso que o sacerdote deva entender esse ritual básico como limitador da sua ação ou fórmula a ser seguida em todos os casos e situações.

É importante lembrar sempre que o uso e a combinação dos elementos a serem utilizados deve levar em conta as propriedades excitantes (gun) ou calmantes (ero) de cada elemento que está sendo manipulado.


Bàbálòrìsà Ifágbòàlà Èsú

Nenhum comentário: