Conceito Yorùbá
A religião dos Òrìsà é um culto tradicionalista, vindo da República da Nigéria e República de Benin, países vizinhos no Oeste Africano.
É uma doutrina monoteísta ( possui somente um Deus Supremo – Olóòrun) e várias outras divindades, que auxiliam o Supremo Criador em sua obra.
É um culto direcionado para as forças da Natureza, representada pelos Òrìsà, cada um deles como elementos de um todo, o Òrun ( Universo).
Para cada elemento desta Natureza Divina foi criado um arquétipo, uma personalidade, um caráter, uma forma humana, simplesmente para que fosse mais fácil sua compreensão e entendimento. Estes elementos são os Òrìsà. Porém os Òrìsà nunca existiram na Terra como seres humanos.
Exceção feita à Sòngó, divindade do Trovão e dos Raios, que foi Rei ( Àlàáfin) em Òyó, Nigéria, aproximadamente em 1450 a C, e posteriormente divinizado pelos seus feitos.
O homem faz parte de uma totalidade (Òrun – Universo), onde coexistem o humano e o divino. Ao contrário do paraíso cristão, que está situado em uma esfera somente acessível após a morte. Na religião dos Òrìsà o homem e as divindades estão integrados e se complementam. Os Òrìsà são os intermediários, como elo da ligação entre os dois estágios de vibração, o visível e o invisível.
Portanto nesta visão “o Paraiso, ou o inferno , podem ser vividos aqui e agora.
Um provérbio Yorubá diz: bi o s´enia, imolè o si , se a humanidade não existisse, as divindades não existiriam.
Quando se cultua as águas, para simbolizá-las, são realizados rituais para Òsun, Yemoja, Obà e outros. Todas elas divindades que representam as águas em vários de seus habitat natural. As águas doces dos rios, as águas salgadas do mar, ou as águas das lagoas respectivamente. São rituais de agradecimento à Deus que nos permitiu a existência delas, ou para que delas possamos extrair suas forças e energias em benefício de um objetivo pretendido. Não podemos esquecer que o corpo humano é, em sua maioria, composto por líquidos, e o globo terrestre é ¾ água. Ninguém é inimigo da água.!!!
Quando são feitos cultos para Ògún, é aos metais que se louva.
Deus concedeu ao homem os metais e hoje eles estão contidos em quase tudo para facilitar a vida no planeta. Nas construções, nos veículos, nas máquinas operatrizes, nos instrumentos cirúrgicos, enfim, o que seria do homem sem os metais?
Òòsàálá é o ar, a atmosfera que envolve o Mundo, e que a todo instante o homem coloca para dentro de si pelos movimentos da respiração.
E por que não citar o mais polêmico dos Òrìsà. Sim, é de Èsù a quem me refiro. Em nosso País ele é tão mal visto, e divulgado pelos ignorantes, como sendo um demônio. Devo salientar que a Doutrina dos Òrìsà não possui demônios , pois crê que tudo o que Deus criou foi para o bem estar do homem, e não para sua destruição. Èsú é a divindade do movimento, da ação da vida. Nada acontece sem ele. Para que possamos caminhar, ou seja, dar um passo à diante, esta ação é permitida por Èsù. O coração bombeia sangue durante toda vida para nosso corpo. Esta ação é possível pela força de Èsù. O movimento das marés, que não permite a deterioração das águas dos Oceanos, é um movimento de Èsù. Note que tudo iria parar se não houvesse o movimento causado por Èsù. Ele foi o primeiro ser criado por Deus, assim como para os católicos foi criado Adão. Nasceu do sopro Divino de Olóòrun sobre um monte de barro.
Qualquer outra interpretação dada para esta divindade é criação de ignorantes, ou daqueles que pretendem deturpar a verdadeira Religião dos Òrìsà.
É claro que não posso aqui explicar toda esta bela Religião cheia de metáforas e dotada de uma mitologia milenar composta de 4096 lendas, mas posso tentar mostrar que ela é a mais ecológica Doutrina religiosa que o homem já conheceu. Nela a Natureza é a Divindade Maior que Deus legou ao homem em seu benefício. Preservar, manter, equilibrar, honrar, cultuar a Natureza é o que a Religião dos Orisas tem como princípio básico, pois se tomamos estes atos como objetivo de vida, automaticamente estaremos agradando a Deus.
Cultuar a natureza é preservar a Vida.
Além dos rituais para a natureza, a religião dos Yorubás cultua os Ancestrais ( awon Àgbá – Egúngún) através de uma enorme gama de procedimentos.
Eles sim são seres espirituais que vivem no Órun e que à nós se apresentam como nossos conselheiros, trazendo-nos suas experiências e conhecimentos como seres que já passaram por várias reencarnações.
Casa homem que resnasce sobre a terra é regido por um elemento da Natureza (òrìsà).
Aqueles que pertencem às águas são pessoas dóceis, carinhosas, perseverantes, constantes, lutadoras, que tem objetivos certos e sabem muito bem o que querem, mas escondem sobre esta aparência tranquila uma enormidade de sentimentos, turbilhões e revoltas, portanto, irados são extremamente perigosos.
Conhecer o Orisa que nos rege tem a finalidade de buscar o auto conhecimento, saber o que devemos, ou não ser ou fazer. É saber em qual força da natureza encontra-se nossa fonte de recarga, de equilíbrio e estabilidade.Todas estas riquezas de conhecimentos estão contidas nas lendas que compõem a religião dos Orisás, e cada ser humano está enquadrado dentro de uma delas.
Quando se fala em Candomblé e Umbanda não se está referindo à Religião dos Orisás. Ambas são adaptações da Religião Africana para uma sociedade brasileira. Infelizmente esta adaptação foi feita por escravos oprimidos pelos Senhores de Engenho e Padres Jesuitas. O que levou a Religião ao sincretismo católico, caminhando para um patamar ridículo, sem origem ou base sólida,chegando aonde se encontram atualmente e não posso negar que a maioria daqueles que se intitulam “ Sacerdotes” destes cultos afro-brasileiros ,mal sabem ler ou escrever, somados a outros deturpados em sua sexualidade, que encontram nos Orisà amparo para fazer deles meio de vida.
Já afirmei: Os Orisà são os elementos da Natureza. Portanto ir para as matas, florestas, cachoeiras e praias e crivá-las de velas acesas, garrafas, copos, taças, alguidares e um sem número de lixo, não é preservação, mas sim destruição. Portanto, tais atitudes são totalmente contrárias à Religião dos Orisà.
Um verdadeiro Sacerdote da Religião do Orisa, tem muito a estudar, e sua formação requer vinte e um anos de preparo, no convívio com outros Sacerdotes também formados assim.
Se você é um daqueles que respeita, e preserva a Natureza ao seu redor.Você já um dos praticantes da Religião do Orisa. Preservar a Natureza não é só se preocupar com o ar que se respira, com os desmatamentos, com a poluição das águas, com a extinção animal, mas é, principalmente,respeitar e amar o homem seu semelhante , entendendo-o como a maior obra da Natureza e da Criação de Deus.
Bàbálòrìsà kekere Awo Ifágbòàlà Èsú