domingo, 25 de novembro de 2012

E KÁÀSAN!!!!!
BOA TARDE!!!! HOJE VENHO EFATIZAR A IMPORTANCIA DO CULTO AO ÒRÌSÀ ORÍ


quanto a importância e precedência do ORÍ em relação aos demais ORISA, um Itan do ODU OTURA MEJI, ao contar a história de umORÍ que se perdeu no caminho que o conduzia do ORUN para o AIYE, relata: "... OGUN chamou ORÍ e perguntou-lhe, "Você não sabe que você é o mais velho entre os ORISA? Que você é o líder dos ORISA?'..." . Sem receio podemos dizer, "ORÍ mi a ba bo ki a to bo ORISA", ou seja, "MeuORÍ, que tem que ser cultuado antes que o ORISA" e temos um orikidedicado à ORÍ que nos fala que "Ko si ORISA ti da nigbe leyin ORI eni", significando, "... Não existe um ORISA que apoie mais o homem do que o seu próprio ORÍ...". 

Quando encontramos uma pessoa que, apesar de enfrentar na vida uma série de dificuldades relacionadas a ações negativas ou maldade de outras pessoas, continua encontrando recursos internos, força interior extraordinária, que lhe permitam a sobrevivência e, inclusive, muitas vezes, mantém resultados adequados de realização na vida , podemos dizer, "ENIYAN KO FE KI ERU FI ASO, ORI ENI NI SO NI", ou seja, "as pessoas não querem que você sobreviva, mas o seu ORÍ trabalha para você", trazendo, essa expressão, um indicador muito importante de que um ORÍresistente e forte é capaz de cuidar do homem e garantir-lhe a sobrevivência social e as relações com a vida, apesar das dificuldades que ele enfrente.

Esta é a razão pela qual o BORI, forma de louvação e fortalecimento do ORÍutilizada em nossa religião, é utilizado muitas vezes, precedendo ou, até, substituindo um EBO. Isso se faz para que a pessoa encontre recursos internos adequados, esta força interior de que falamos, seja à adequação ou ajustamento de suas condições frente às situações enfrentadas, seja quanto ao fortalecimento de suas reservas de energia e consequente integração com suas fontes de vitalidade. 

É importante dizer que é o ORÍ que nos individualiza
 e, por consequência, nos diferencia dos demais habitantes do mundo. Essa diferenciação é de natureza interna e nada no plano das aparências físicas nos permite qualquer referencial de identificação dessas diferenças. Sinalizando essa condição, talvez uma das maiores lições que possamos receber com respeito a ORÍ possa ser extraída do Itan ODU OSA MEJI, que reproduzimos a seguir e que é a resposta que foi dada por IFA para Mobowu, esposa deOGUN, quando ela foi lhe consultar:



"ORÍ buruku ki i wu tuulu.
A ki i da ese
 asiweree mo loju-ona.
A ki i m' ORÍ oloye lawujo.
A dia fun Mobowu
Ti i se obinrin Ogun.
ORÍ ti o joba lola,
Enikan o mo
Ki toko-taya o mo
 
pe'raa won ni were mo.
ORÍ ti o joba lola,
Enikan o mo.
 
" 

TRADUÇÃO
 


"Uma pessoa de mau ORÍ não nasce com a cabeça diferente das outras.
Ninguém consegue distinguir os passos do louco na rua.
Uma pessoa que é líder não é diferente
E também é difícil de ser reconhecida.
É o que foi dito à Mobowu, esposa de OGUN, que foi consultar IFA.
Tanto esposo como esposa não deviam se maltratar tanto,
Nem fisicamente, nem espiritualmente.
O motivo é que o ORÍ vai ser coroado
E ninguém sabe como será o futuro da pessoa."

Para os yoruba o ser humano é constituído dos seguintes elementos:
ARA, OJIJI, OKAN, EMI e ORÍ.
ARA é corpo físico, a casa ou templo dos demais componentes.
OJIJI é o "fantasma" humano, é a representação visível da essência espiritual.
OKAN é o coração físico, sede da inteligência, do pensamento e da ação.
EMI, [1] está associado a respiração, é o sopro divino.
Quando um homem morre, diz-se que seu EMI partiu. 

ORÍ é o ORISA pessoal, em toda a sua força e grandeza. ORÍ é o primeiroORISA a ser louvado, representação particular da existência individualizada (a essência real do ser). É aquele que guia, acompanha e ajuda a pessoa desde antes do nascimento, durante toda vida e após a morte, referenciando sua caminhada e a assistindo no cumprimento de seu destino. 

ORÍ em yoruba tem muitos significados - o sentido literal é cabeça física, símbolo da cabeça interior (ORÍ
 Inu
). [Transcentetalmente, tudo que espiritualmente é superior e está acima do ser humano (llm)]

Enquanto ORISA pessoal de cada ser humano, com certeza ele está mais interessado na realização e na felicidade de cada homem do que qualquer outro ORISA. Da mesma forma, mais do que qualquer um, ele conhece as necessidades de cada homem em sua caminhada pela vida e, nos acertos e desacertos de cada um, tem os recursos adequados e todos os indicadores que permitem a reorganização dos sistemas pessoais referentes a cada ser humano. Reforçando esta questão temos um oriki que nos diz
"ORÍ lo nda eni
Esi ondaye ORISA lo npa eni da
O npa ORISA da
ORISA lo pa nida
Bi isu won sun
Aye ma pa temi da
Ki ORÍ mi ma se ORÍ

Ki ORÍ mi ma gba abodi" 


TRADUÇÃO
 

"ORÍ é o criador de todas as coisas
ORÍ é que faz tudo acontecer, antes da vida começar
É ORISA que pode mudar o homem
Ninguém consegue mudar ORISA
ORISA que muda a vida do homem como inhame assado
AYE*, não mude o meu destino
Para que o meu ORÍ não deixe que as pessoas me desrespeitem
Que o meu ORÍ não me deixe ser desrespeitado por ninguém
Meu ORÍ, não aceite o mal."
(* AYE - conjunto das forças do bem e do mal)

Como foi dito, não existe um ORISA que apoie mais o homem do que o seu próprio ORÍ.
Um trecho do adura (reza) feito durante o assentamento de um IGBA-ORÍdiz: 

"KORIKORI, 

Que com o ase
 
do próprio ORÍ,
O ORÍ vai sobreviver
KOROKORO 

Da mesma forma que o ORÍ de Afuwape sobreviveu,
O seu sobreviverá.
...Ele será favorável a você.
Tudo de que você precisa,
Tudo o que você quer para a sua vida,
É ao seu ORÍ que você deverá pedir.
É o ORÍ do homem que ouve o seu sofrimento..."

O que é então ORÍ, de que a natureza é constituído e qual o seu papel na vida do homem? Em primeiro lugar, acredita-se que o corpo humano é constituído de duas partes: a cabeça e o suporte - ORÍ e APERE.
Acredita-se que este corpo adquire existência na medida em que recebe deOLODUNMARE o sopro vivificador - o EMI.[2] 

Este sopro foi o agente do processo da criação em seu primeiro momento e tem sido o responsável pela geração e continuidade de toda a vida no universo. 

Este modelo descrito e de entendimento abrangente para todas as formas de vida é repetido no ser humano. A cabeça e o seu suporte, ORI-APERE são formados a partir dos elementos matrizes, enquanto o ORI-INU, interior, representa, na sua constituição, uma combinação de elementos, porções de matéria-massa que é particularizada durante o processo de modelagem de cada ORÍ. Ele é único e, por conta disso, particulariza e dá individualização à existência.
Essa combinação "química" definirá parte das relações do homem com o mundo sobrenatural e a religião, na medida em que determina o seu ELEDA, ORISA - símbolo do elemento cósmico de formação, a que chamamos, adiante, de IPORI, daquele ORI-INU em particular. 

No Brasil vimos, com certa frequência, o ELEDA ser chamado de ORISA-ORI, simplificação da relação aqui exposta. ELEDA segundo Juana Elbein dos Santos em Os Nagô e a Morte, "se refere à entidade sobrenatural, à matéria-massa que desprendeu uma porção da mesma para criar um ORÍ, consequentemente Criador de cabeças individuais..." 

Segundo a autora , "A espécie de material com o qual são modelados osORÍ individuais indicará que tipo de trabalho é mais conveniente, proporcionando satisfação e permitindo a cada um alcançar prosperidade. Indica também as interdições - EWO
 
- aquilo que lhe é proibido comer, por causa do elemento com o qual o seu ORÍ foi modelado". 

Ou seja, os EWO
 
representam a proibição de que o indivíduo "coma" alimentos que contenham a mesma "matéria" da qual foi retirada uma porção para modelagem do seu ORÍ. A não observância da interdição traduz-se por uma disfunção energética de consequências profundamente negativas para o equilíbrio do indivíduo, seja do ponto de vista orgânico, seja do ponto de vista do mundo emocional, seja quanto as suas condições de realização do "programa" particular de existência. 

Falamos até aqui sobre a natureza e a constituição do ORÍ. Agora, qual o seu papel na vida do homem?
O conceito de ORÍ está intimamente ligado ao conceito de destino pessoal e à instrumentalização do homem para a realização deste destino. Um Itan doODU OGUNDA MEJI, nos dá a exata dimensão da matéria quando nos relata sobre a correspondência entre o ORÍ e o homem e a relação de causa e efeito existente nesta correspondência:

"...ORÍ, eu te saúdo!
Aquele que é sábio,
Foi feito sábio pelo próprio ORÍ.
Aquele que é tolo,
Foi feito mais tolo que um pedaço de inhame,
Pelo próprio ORÍ..."

No ODU OGBEYONU (Ogbe Ogunda) vamos encontrar ainda, "...Quando acordo pela manhã coloco minha mão no ORÍ. ORÍ é fonte de sorte. ORÍ éORÍ!...". e um oriki dedicado à ORÍ, mostrando o papel que ORÍ tem na vida de cada pessoa quanto as suas relações interpessoais, suas relações com as outras pessoas, e as suas condições de realização e progresso em todos os empreendimentos da vida, nos diz:

"
ORI mi
Mo ke pe o
 o
ORI mi
A pe je
ORI mi
Wa je
 
mi o
Ki ndi olowo o
Ki ndi olola
Ki ndi eni a pe sin
Laye
O, ORI mi
Lori a jiki
ORI mi lori a ji yo mo
 Laye"

TRADUÇÃO 

"Meu ORÍ
Eu grito chamando por você
Meu ORÍ,
Me responda
Meu ORÍ,
Venha me atender
Para que eu seja uma pessoa rica e próspera
Para que eu seja uma pessoa a quem todos respeitem
Oh, meu ORÍ!
A ser louvado pela manhã,
Que todos encontrem alegria comigo"

Toda existência no universo da Criação se processa em dois planos: O mundo visível, o AIYE, universo concreto que habitamos, e o mundo invisível, ORUN, onde habitam os seres sobrenaturais e os " duplos" de tudo o que se encontra manifestado no AIYE. Não são, como é possível pensar, mundos independentes ou rigidamente separados. Na realidade podemos afirmar que o AIYE é, antes de mais nada, uma "projeção" da realidade essencial que tem existência e se processa no ORUN. 

Como diz a Profa. Dra. Iyakemi Ribeiro, em seu livro "Alma Africana no Brasil: os iorubás", "Para o negro-africano o visível constitui manifestação do invisível. Para além das aparências encontra-se a realidade, o sentido, o ser que através das aparências se manifesta. Sob toda manifestação viva reside uma força vital: de Deus a um grão de areia, o universo africano é sem costura. (Erny, 1968:19) Universo de correspondências, analogias e interações, no qual o homem e todos os demais seres constituem uma única rede de forças." 

É necessário entender, assim, que AIYE e ORUN constituem uma unidade e, enquanto expressões de dois níveis de existência, são inseparáveis e complementares. Essa unidade é simbolizada pelo IGBA-ODU, cabaça formada de duas metades unidas onde a parte inferior representa o AIYE e a parte superior representa o ORUN. No interior, os "elementos indispensáveis à existência individualizada". Poderia ser representada por uma figura e sua imagem refletida no espelho - há plena identidade entre elas, uma é apenas a imagem invertida da outra. 

Podemos dizer nessa figuração que o AIYE é a imagem refletida do ORUN. Essa analogia provavelmente explica a situação conhecida de que os ODU,quando vieram do ORUN para o AIYE, tiveram sua ordem de precedência invertida. Ou seja, muito embora no AIYE considere-se OGBE MEJI como o mais antigo dos ODU, todo Babalawo saúda OFUN MEJI, ou ORANGUN MEJI como é também conhecido, em sua realeza, dizendo: eepa ODU!, louvando assim sua antiguidade e sua precedência efetiva. 

Temos assim que toda existência no AIYE reflete uma realidade anterior existente no ORUN. A existência no AIYE implica em processar-se uma "modelagem" anterior no ORUN, a partir da qual porções de matérias-massas que constituem a base da existência genérica são tomadas em fragmentos particulares e vão constituir a manifestação dessa existência em forma individualizada no AIYE. 

Esses elementos matrizes possuem, por consequência, dupla existência: uma parcela presente no ORUN e a outra parcela dando vitalidade ou formação às diferentes partes que formam a "realidade" individualizada de vida. A esses fragmentos particulares retirados da massa genitora chamamos IPORI e é ele, IPORI, que determinará o ORISA que cada indivíduo cultuará no AIYE, condicionando também sua instrumentalização particular na relação com a vida e o repertório possível de escolhas que possa realizar. 

Aqui é importante reforçarmos que ORUN não tem o mesmo significado que céu, assim como AIYE não tem a mesma representação que terra. ORUN - AIYE nos trazem conceitos muito diferentes do binômio céu - terra a que possamos ter nos acostumado pelas condições sincréticas que a religião dos ORISA terminou por apresentar no Brasil. Ao par céu - terra correspondem os conceitos de SANMO
 - ILE.
A RESPEITO DO DESTINO HUMANO [3]

Podemos perceber que a compreensão sobre o papel que ORÍ desempenha na vida de cada homem está intimamente relacionado à crença na predestinação - na aceitação de que o sucesso ou o insucesso de um homem depende em larga escala do destino pessoal que ele traz na vinda doORUN para o AIYE. A esse destino pessoal chamamos KADARA ou IPIN e é entendido que o homem o recebe no mesmo momento em que escolhe livremente o ORÍ com que vai vir para a terra. 

ORÍ desempenha um papel importante para os seguidores de IFA. Nele acredita-se que escolhemos nossos próprios destinos. E nós o fazemos mediante os auspícios do ORISA IJALA MOPIN. A esfera de ação de IJALAé junto a OLODUNMARE e é ele que sanciona as escolhas de destino que fazemos. Essas escolhas são documentadas pelas divindades que chamamos de ALUDUNDUN. Um verso de IFA [do Odu Ogbe-Ogunda] explica esta questão: 

"Você disse que foi apanhar o seu ORÍ.
Você sabia onde Afuwape apanhou o seu ORÍ?
Você poderia ter ido lá para apanhar o seu.
Nós pegamos nossos ORÍ nos domínios de IJALA,
Assim somente nossos destinos diferem" 

IJALA é responsável pela modelação da cabeça humana, e acredita-se que oORÍ e o ODU - signo regente de seu destino que escolhemos, determina nossa fortuna ou atribulações na vida, como foi dito.
IJALA, embora notável em sua habilidade, não é muito responsável e, por isso, muitas vezes modela cabeças defeituosas: pode esquecer de colocar alguns acabamentos ou detalhes desnecessários, como pode, ao levá-las ao forno para queimar, deixá-las por um tempo demasiado ou insuficiente. 

Tais cabeças tornam-se assim, potencialmente fracas, incapazes de empreender a longa jornada para a terra, sem prejuízos. Se, desafortunadamente, um homem escolhe uma dessas cabeças mal modeladas, estará destinando a fracassar na vida. 

Durante sua jornada para a terra, a cabeça que permaneceu por tempo insuficiente ou demasiado no forno, poderá não resistir à ação de uma chuva forte e chegará mais danificada ainda. Todo o esforço empreendido para obter sucesso na vida terrena terá grande parte de seus efeitos desviada para reparar tais estragos. 

Pelo contrário, se um homem tem a sorte de escolher uma das cabeças realmente boas, tornar-se próspero e bem sucedido na terra, uma vez que sua cabeça chega intacta e seus esforços redundam em construção real de tudo aquilo que se proponha a realizar. 

O trabalho árduo trará, ao homem afortunado em sua escolha, excelentes resultados, já que nada é necessário dispender para reparar a própria cabeça. Assim, para usufruir o sucesso potencial que a escolha de um bom ORI acarreta, o homem deve trabalhar arduamente. Aqueles, entretanto que escolheram um mau ORI têm poucas esperanças de progresso, ainda que passem o tempo todo se esforçando. 

Sendo estes os pressupostos, retomamos as perguntas: Como saber se a escolha do próprio ORÍ foi boa ou má? Pode um homem conhecer as potencialidades da própria cabeça ou da cabeça de outrem? 

O Jogo divinatório de IFA possibilita que a pessoa tome conhecimento dos desígnios do próprio ORÍ, saiba a respeito do ORISA ou IRUNMALE
 que deve ser cultuado e conheça seus EWO 
- proibições quanto ao consumo de alimentos, uso de cores e condutas morais. 

Muitas referências são feitas às relações entre ORÍ e o destino pessoal. O destino descrito como IPIN ORI - a sina do ORI - pode ser dividido em três partes: AKUNLEYAN, AKUNLEGBA E AYANMO. 

AKUNLEYAN é o pedido que você fez no domínio de IJALA - o que você gostaria especificamente durante seu período de vida na terra: o número de anos que você desejaria passar na terra, os tipos de sucesso que você espera obter, os tipos de parentes que você deseja. 

AKUNLEGBA são aquelas coisas dadas a um indivíduo para ajudá-lo a realizar esses desejos. Por exemplo: uma criança que deseja morrer na infância pode nascer durante uma epidemia para garantir a morte dele ou dela. 

AYANMO
 
é aquela parte do nosso destino que não pode ser mudada: nosso gênero (sexo) ou a família em que nascemos, por exemplo. 

Ambos, AKUNLEYAN e AKUNLEGBA podem ser alterados ou modificados quer para bom ou para mau, dependendo das circunstâncias. 

Assim o destino descrito como IPIN ORÍ - a sina do ORÍ pode sofrer alterações em decorrência da ação de pessoas más chamadas como ARAYE - filhos do mundo, também chamadas AIYE - o mundo ou ainda, ELENINI - implacáveis (amargos, sádicos, inexoráveis) inimigos das pessoas. 

Entre estes encontram-se as AJE
 
- bruxas, os OSO - feiticeiros, os envenenadores e todos aqueles que se dedicam a práticas malignas com intuito de estragar qualquer oportunidade de sucesso humano. 

Sacrifício e ritual podem ajudar a melhorar as condições desfavoráveis que podem ter resultados destas maquinações maléficas imprevisíveis. 

Todo ORÍ, embora criado bom, acha-se sujeito a mudanças. Vimos que feiticeiros, bruxas, homens maus e a própria conduta podem transformar negativamente um ORÍ, sendo sinal dessa transformação uma cadeia interminável de infelicidades na vida de um homem a despeito de seus esforços para melhorar. 

O ORÍ, entidade parcialmente independente, considerado uma divindade em si próprio, é cultuado entre outras divindades, recebendo oferendas e orações. Quando ORÍ INU está bem, todo o ser do homem está em boas condições. 

Como foi dito, nossos ORÍespirituais são por eles mesmos subdivididos em dois elementos:  
APARI-INU = representa o caráter (natureza),
ORÍ APERE = representa o destino. 

Um indivíduo pode vir para a terra com um destino maravilhoso, mas se ele ou ela vem com mau caráter (natureza), a probabilidade de desempenho (cumprimento, execução) desse destino é severamente comprometida. 

O destino também pode ser afetado, então, pelo caráter da própria pessoa. Um bom destino deve ser sustentado por um bom caráter. 

Este é como uma divindade: se bem cultuado concede sua proteção. Assim, o destino humano pode ser arruinado pela ação do homem. IWA RE
 LAYE YII NI YOO DA O LEJO
, ou seja, - "Seu caráter, na terra, proferirá sentença contra você". 

No ODU de OGBEOGUNDA, IFA diz:

"Um pilão realiza três funções
Ele tritura inhame
Ele tritura índigo
Ele é usado como uma tranca atrás da porta
Foi feito um jogo adivinhatório para Oriseku, ORÍ-Elemere e Afuwape
Quando eles foram escolher seus destinos nos domínios de IJALA - MOPIN
Foi solicitado para eles que realizassem rituais
Somente Afuwape realizou os rituais que foram solicitados
Ele, em consequência, tornou-se muito afortunado 

Os outros lamentaram, disseram que se soubessem onde Afuwape escolheria seu ORÍ, eles teriam ido até lá para escolher os seus também. 

Afuwape respondeu que, embora seus ORÍ fossem escolhidos no mesmo lugar, seus destinos é que diferiam."

A questão que aí se apresenta é que somente Afuwape mostrou bom caráter. Respeitando sua crença e realizando seus sacrifícios, ele trouxe as bençãos potenciais de seu destino para a efetiva realização. Seus amigosOriseku e ORÍ-Elemere falharam em mostrar bom caráter pela recusa em realizar seus rituais e, por isso, suas vidas sofreram as consequências. 

O nome IPIN está igualmente associado à ORUNMILA, conhecido comoELERI-IPIN - o Senhor do Destino e que é aquele que esteve presente no momento da criação, conhecendo todos os ORÍ, assistindo o compromisso do homem com seu destino, os objetivos de cada um no momento de sua vinda para o AIYE, o programa particular de desenvolvimento de cada ser humano e sua instrumentalização para o cumprimento desse programa. 

ORUNMILA
 conhece todos os destinos humanos e procura ajudar os homens a trilhar seus verdadeiros caminhos. Temos, assim, que um dos papeis mais importantes de IFA em relação ao homem, além de ser o intérprete da relação entre os ORISA e o homem, é o de ser o intermediário entre cada um e o seu ORÍ, entre cada homem e os desejos de seu ORÍ. Apenas como registro, é preciso entender que esse mesmo papelORUNMILA tem na relação com os demais ORISA, sendo o intermediário entre cada um e o seu ORÍ. E ORUNMILA, Ele mesmo, consulta IFA! 

Nos momentos de crise, a consulta ao oráculo de IFA permite acesso a instruções a respeito dos procedimentos desejáveis, sendo considerados bons procedimentos os que não entram em desacordo com os propósitos do ORÍ.
O ser que cumpre integralmente seu IPIN-ORÍ (destino do ORÍ), amadurece para a morte e, recebendo os ritos fúnebres adequados, alcança a condição de ancestral ao passar do AIYE para o ORUN. 

Há a crença na existência de duas áreas ocupadas por espíritos dos mortos:ORUN RERE - o bom "céu", habitado pelas divindades e ancestrais, eORUN APAADI - o "céu" de muitas infelicidades, habitado pelos infelizes que sofreram má sorte e pelos maus, julgados pelo Ser Supremo, segundo o ser caráter. Estes últimos ficam condenados à solidão e ao esquecimento, sem direito a lembrança ou a aparecerem em sonhos e visões - morrem totalmente. 

ORUN RERE, por outro lado, é prazeiroso e sereno, vivendo os espíritos numa comunidade composta de parentes e amigos. Podem também permanecer junto aos familiares e intervir em suas atividades diárias, sendo-lhes permitido reencarnar em alguma criança nascida no âmbito familiar. 

A respeito do ORÍ, resta ainda lembrar que trata-se de uma divindade pessoal, a mais interessada de todas no bem estar de seu devoto. Se o ORÍde um homem não simpatiza com sua causa, aquilo que ele deseja não pode ser concedido nem por OLODUNMARE, nem pelos ORISA. 

Da mesma forma se o caráter de um indivíduo é mau, sua escolha de destino pode não se realizar. Se nossa situação é realmente de um mau destino, e não é uma consequência de nosso caráter ou comportamento, então nossoORÍ-APERE precisa ser apaziguado. 

Oferendas prescritas ou rituais devem ser realizados para nos trazer de volta a um alinhamento saudável. 

Considera-se vital para todo homem recorrer a IFA, sistema divinatório de consulta a ORUNMILA, a intervalos regulares para tomar conhecimento do que agrada ou desagrada o próprio ORÍ. Enquanto intermediário entre a pessoa e as divindades ( entre as quais o próprio ORÍ ) 

IFA não apenas informa sobre os desejos divinos mas também conduz os sacrifícios ofertados às divindades para que estas possam cumprir seu papel: ajudar os ORÍ a conduzirem as pessoas à realização do próprio destino. 

Se as coisas estão indo mal em sua vida, antes de apontar um dedo acusador para as bruxas, para feitiços ou para seus inimigos, examine sua natureza. 

Se Você tem por hábito maltratar as pessoas ou não considerar seus sentimentos, não procure qualquer felicidade ou sorte em sua vida, não importando o quanto Você possa ser bem sucedido materialmente. 

Se, por outro lado, Você ajuda os outros e dá felicidade a eles, sua vida será cheia, não só de riquezas mas também de alegria e felicidade. No entanto, lembre-se, é decididamente muito mais fácil alterar seus destino do que sua natureza. 

"Por toda parte onde ORÍ seja próspero, deixe-me estar incluído,
Por toda parte onde ORÍ seja fértil, deixe-me estar incluído,
Por toda parte onde ORÍ tenha todas as coisas boas da vida, deixe-me estar incluído.
ORÍ, coloque-me em boa situação na vida,
Que meus pés me conduzam para onde as coisas me sejam favoráveis.
Para onde IFA está me levando eu nunca sei
Jogaram para Assore no início de sua vida.
Se há qualquer condição melhor do que aquela em que estou no presente,
Que possa meu ORÍ não falhar em colocar-me nela.
Meu ORÍ me ajude!
Meu ORÍ, faça-me próspero!
ORÍ é o protetor do homem antes das divindades."
BORI [4]

BORI é o ritual de "dar comida" ou alimentar o ORI (bo
 ORI). Deve ser sempre precedido de um jogo que defina sua necessidade e, ao mesmo tempo, oriente o sacerdote sobre os procedimentos particulares para o caso, os ingredientes a serem utilizados naquela situação e o encaminhamento adequado a ser dado para aquela necessidade. 

Assim, pode-se realizar um BORI apenas com um ou dois obi e água ou com todo um conjunto de alimentos e a louvação de objetos-símbolos especialmente sacralizados para a ocasião.
É importante entender que sempre que se louva algum tipo de alimento noORÍ de alguém está se procedendo a alimentação daquele ORÍ. 

O BORI pode se apresentar como necessário para alguém em função de algumas situações. 

Entre elas: 

· como processo de religação do ORÍ com o seu duplo no ORUN, 

· como resposta à condições de "stress" ou fragilização das estruturas psicológicas 
do indivíduo resultantes de situações particulares de vida, 

· como ritual propiciatório ou complementar a um ebo, 

· como ritual propiciatório a processos iniciáticos, 

· como resposta a uma necessidade espiritual resultante de feitiço ou destino, 

· como indicação de algum Odu (IFA), a partir da interpretação das condições ligadas ao personagem mítico que se apresenta em um dos Itancorrespondentes ao Odu.

Pode-se, no geral das situações, estabelecer um ritual básico a ser seguido, não significando isso que o sacerdote deva entender esse ritual básico como limitador da sua ação ou fórmula a ser seguida em todos os casos e situações.

É importante lembrar sempre que o uso e a combinação dos elementos a serem utilizados deve levar em conta as propriedades excitantes (gun) ou calmantes (ero) de cada elemento que está sendo manipulado.


Bàbálòrìsà Ifágbòàlà Èsú

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Ifá o Òrìsà do Destino - Introdução



Òrúnmìlà-Ifá, ocupa uma posição única no panteão africano, através dele podemos decifrar o código secreto espiritual de qualquer ser humano, comunidade ou Nação, pois nele está inciso o poder da criação.



Na ordem divina de Olódùnmarè o espírito é eterno, e através de Òrúnmìlà-Ifá conseguimos obter a soma total de nossa existência, a nossa ligação com o Universo, e o destino que escolhemos para voltar a vida quando nascemos. Ele é o diagnóstico de nosso Elédà (mente superior), sabendo tudo o que aconteceu no passado, está acontecendo e qual será o nosso futuro. Òrúnmìlà-Ifá é a tradução da sabedoria infinita de nosso Deus criador, aquele que tudo sabe, tudo vê, é o verdadeiro elo de ligação entre o homem e o criador.



Na Cultura Yorùbá são os elementos da natureza que dão condição de vida no planeta, a água, o fogo, o ar, e a terra. Estes se apresentam de inúmeras formas que se multiplicam primeiro em dezesseis, sendo o número dos primeiros Òrìsà primordiais, que vieram para ajudar a construção do planeta sob todas as formas de vida, ou os dezesseis Odù, a tradução literária de todos os problemas do homem, e neles estão contidos toda a sabedoria da criação.



Ifá transmite sua palavra através dos dezesseis Odù, e estes são a expressão da natureza que é a fonte de energia que movimentará e determinará a personalidade da pessoa. Estes Odù, multiplicados por mais dezesseis perfazem 256 tipos de divindades diferentes entre si, com atributos próprios e cada um conterá uma complexidade de inúmeros caminhos ao qual servirão para auxílio da raça humana.



Em nosso princípio ancestral, todos nascemos da terra, veja a composição de seu organismo que é composto de água, minerais, ferro, e assim por diante, portanto é natural que para encontrar o equilíbrio de nossa vida também façamos uso dos elementos que saem da própria natureza. Toda a criação Divina tem uma função determinada para auxiliar a sobrevivência em equilíbrio entre as forças negativas e positivas.



Templo de Ifá em Ilé-Ifá, Nigéria - África







Na tradição africana, por tudo o que já foi dito, Ifá é um Órìsà muito venerado. Em sua terra (Ilé-Ifá) existe um templo muito antigo onde todas as sextas-feiras as pessoas vão rezar para a paz no planeta. Como nada será feito de importante sem antes consultá-lo, quando um bebê nasce, entre o terceiro e quinto dia após seu nascimento ele é levado ao Bàbáláwò para que se faça uma consulta a fim de saber qual será o destino desta criança, recebendo tratamento para que o rumo de sua vida seja o melhor possível.



Qualquer caso de saúde, casamentos, financeiro, amoroso, depressão é revelado através de divinação, que além do problema apresentará as possibilidades de melhorar a situação determinando o que poderá ser feito para atrair a sorte, a paz e a felicidade de cada um.



Festa Popular







O Culto a Ifá envolve as oferendas, proteções que são feitas com as magias, e a cada novo ano ele será consultado para saber o futuro da comunidade. Sua importância é tanta que será através da consulta ao Òrìsà que um novo rei será eleito, uma vez que pode conhecer a pessoa ideal para ocupar qualquer cargo tanto como um líder, ou outro tipo de ocupação, estas são marcas que já trazemos de nosso espírito ancestral.



Se após a consulta for determinada a realização de algum sacrifício para um Òrìsà, não se pode esquecer a parte dedicada a Èsù, pois ele é a energia que transformará a sua necessidade, enquanto matéria, em energia sutil a fim de que seu pedido chegue a Olódùnmarè.



Ele é simbolizado por trinta e dois caroços de um tipo especial de palmeira de dendê, os quais apresentam três ou mais "olhos", ao invés de apenas dois, como nas palmeiras comuns. Antes de serem servidos ao Òrìsà, os caroços deverão ser preparados especialmente no bosque de Ifá, para só depois serem manipulados pelo Sacerdote de Ifá para fins de divinação, e só podem ser extraídos por homens.



Quando uma leitura não favorece o consulente, não é necessário ficar em desespero, pois Ifá poderá ser consultado novamente para informar qual o melhor procedimento para eliminar o obstáculo que lhe entravam a felicidade. O animal necessário para o sacrifício só será determinado através da divinação, e após ser efetuado, o consulente deverá apresentar-se mais uma vez perante o Òrìsà a fim de saber se ele se satisfez.



Entre nós, os Yorùbá, os Sacerdotes dedicados a Ifá pedem sua benção todos os dias pela manhã, e uma vez por ano promovem uma festa em sua homenagem.



Cerimônia do Obì Abata







Obì, é um fruto sagrado também considerado Òrìsà, e o de quatro gomos são suficientes para o seu culto diário. Todas as manhãs o Sacerdote colocará um Obì dentro d´agua e começa a bater no Opon-Ifá, com o Iroke-Ifá.











Enquanto bate recitará um Oríkì (evocação) a Ifá como abaixo descrito em lingua Yorùbá



Ti a ba ji a we´wo toni, a we´se kasin owuro

Ti a ba ji, a tun wa fi aso toki bo`ra

Mo ni Òrúnmìlà, o ji re loni

Ela, o ji´re loni

Morohuntolu, Mosiakaragba, omo erin nfon gu l´alo

Omo e ekama owo ko jékun ara abe

Omo abeto winniwinni b´eji ro p´omo akunnu

Omo olobe to fi ori mo odi umo jumo

Oma jire loni o

O ji re loni tokun-tokun

O ji loni tide-tide

O ji bi oloto ti nji nile Ado

O ji biurinrin ti nji lode owo

O ji bi peepee ti nji lodo Asin

O ji bi Olosunta ti nji lode Ikere

O ji bi ala ti nji lode Ado (Ibini)

O ji bi oro gidigba ti nji lode Isele

O ji bi Ubebe ti nji lode Ayo

O ma jeki oni san mi o



Logo após a evocação o Bàbáláwò parte o Obì, que se for do desejo poderá ser jogado para saber se o culto foi bem aceito, e esta água levada a Èsù. Se aceito o Obì cairá com dois gomos virados para baixo e dois gomos virados para cima (imagem da dualidade macho e fêmea) caso o resultado seja Aláàfia, ou seja os quatro gomos virados para cima, Ifá terá aceito o Obì, quando então o Sacerdote dividirá o Obì entre todos as pessoas que irão consultar com ele iniciando os trabalhos do dia.



Na comemoração anual de Ifá, o sacerdote oferece em sua homenagem: màrìwò, frango, peixes, cabra, Ìgbín (caracol), inhame, osuka omu, pedaço de tecido e Obì. O osuka omu, será colocado sobre a imagem de Ifá junto com três inhames amarrados, e assim o Bàbáláwò pronunciará as palavras do culto que em Yorùbá são:



Ifá, mo pe o

Òrúnmìlà, mo pe

Ela mo pe, omo oyigi

Òrúnmìlà mo pe

Et'eti ke gb'ure

Aaya olupe, uupe re ire o

Aaya olupe uupe re ire o

Aaya olupe, pe re ire o

Apeje apemu

Ape ni gbogbo dukia ninu odun yi

Ki o ni apawisi ioni

Ki o ni uwere a nise

Ki o ni wonran niboju ti nmo

Ki o wa gbohun awo loni



Após encerrar esta evocação o Bàbáláwò reza para todos os presentes na festa e partirá o Obì aceito por Ifá, distribuindo pequenos pedaços a cada um. Como oferenda será imolada uma cabra em cujo sangue ficará na imagem de Ifá até o dia seguinte.



Quando chegar ao quinto dia, o Bàbáláwò consultará Ifá, a fim de obter as previsões do ano, e de acordo com o resultado serão oferecidos novos sacrifícios e oferendas de objetos, conforme a resposta do Òrìsà, para que tudo transcorra da melhor forma possível.



No sétimo dia o Bàbáláwò oferece uma festa, na qual se come e bebe encerrando desta forma o Culto anual a Ifá.



Poderíamos falar muito mais sobre Ifá, mas deixo aqui meu e-mail para que entre em contato através do qual darei mais informações e orientações seguras e verdadeiras sobre este Òrìsà.



Os Iniciados no Culto a Ifá





Para aqueles que receberam em seu Orí, a mão de Ifá, após passarem pelos rituais de iniciação, podem ser considerados portadores de um bem inestimável, com ele reencontrarão o caminho de seu destino primordial, puro, limpo de todas as mazelas que adquirimos durante a vida; é um reencontro com nossa transcendência. Mas, é necessário esclarecer que para fazer juz a este direito também será preciso uma altíssima reconsideração de suas atitudes perante a vida, pois este ser não fará mais parte daquilo que chamamos do inconsciente coletivo que prevalece na raça humana, a partir de então passará a ser ele um indivíduo único, diferenciado, o qual terá de cumprir suas obrigações em relação a Ifá com respeito e dignidade a fim de poder receber o verdadeiro Àse e como conseqüência assumindo perante a si próprio responsabilidades muito grande, que se não cumpridas poderão trazer graves conseqüências.



Entendendo o Orí:



Quando nascemos, o Orí (cabeça), é o primeiro Òrìsà que recebemos, nele trazemos as impressões que estão gravadas no inconsciente, a nossa origem no universo. Ligados a ele por nosso Elédà, (mente superior), e fonte da inteligência para a sobrevivência no Aiyé (Terra), e dele (Orí), geramos toda a força propulsora que nos conduz em nossa jornada não somente para a vida em si mas também na saúde, prosperidade e equilíbrio, o qual está diretamente ligado ao Òrum (Céu), portanto aquele que conhece o próprio destino, da mesma forma que nos conduzirá na passagem do mundo físico ao espiritual, Ikú (a morte).



Assim, Orí = origem do ser = Elédà ( mente superior), está ligado ao Òrum, e ao mesmo tempo ligado à Terra (Aiyé), sobrevivendo após a morte para transmutar a morte física para a vida do espírito, e desta forma guardando em sua memória as marcas de sua origem.



"O pensamento provoca a ação", "a ação provoca a reação", e todos os frutos colhidos serão a resposta de nossa conduta, de nosso equilíbrio tanto mental como emocional, e isto é ter bom Orí, que saudaremos Olorire, e para aqueles com um mau Orí diremos Olori Burúkú, aquele de cabeça ruim, fraca.



Olódùnmarè, nosso Deus maior nos deu a perfeição, deixando conosco a sabedoria transcendente, a qual somente poderá ser compreendida com um bom Orí, assim diz o Oríkì (reza), "Nada se faz sem um bom Orí," nem mesmo nosso corpo tem comando, não anda, não prospera, não tem alegrias, não tem saúde.



Ifá em nossa vida



Ifá, é a soma da sabedoria suprema, a cosmogenia e a cosmologia, a vida e a morte, o nascimento da natureza, a visão total do mundo e da existência estabelecendo normas éticas que irão comandar as sociedades e os homens, e assim determinando uma conduta nobre diante de todas as forças que se formam contra o bem da humanidade, a força que conduz a sustentação do planeta vivo.



Neste processo tão poderoso, aquele que for iniciado em seu Culto estará agregando a si uma permissão para obtenção de um poder muito maior perante Olódùnmarè, assim existindo a necessidade por parte dos Sacerdotes conhecedores plenos da extensão deste mesmo poder avaliarem o candidato com muita clareza e assim permitindo ou não esta iniciação.



Nem todos estão habilitados a carregarem em seu Orí, esta força que liga o ser com o sagrado. Seus Sacerdotes, apoiados nos conhecimentos milenares, carregados por uma cultura de tradições em botânica, mineralogia, zoologia conseguem unir os elementos da natureza à energia vital de cada indivíduo procurando o equilíbrio entre as forças espirituais e materiais de cada um, esta união da ciência com o mundo espiritual precisa de mentes sãs.



A Conduta dos Filhos de Ifá



Fica assim muito claro que para estes filhos a conduta é de suma importância, e que haverá a necessidade de muito domínio de suas emoções onde a humildade, a paciência, o caráter, a dignidade, a sabedoria, deveram ser superiores a qualquer tipo de vaidade, prepotência, arrogância, ambição, sendo estas últimas características que poderão ser usadas indevidamente a fim de obter proveito próprio mas que sem dúvida serão cobradas pela lei universal de ação e reação.



Quando se fala que o Òrìsà castiga, é uma inverdade, pois na realidade a maior parte do sofrimento é fruto do desequilíbrio entre a emoção e a razão humanas, e conforme as atitudes tomadas perante seus semelhantes as forças que irão reagir em sua vida tanto poderão ser positivas como negativas, conquanto serão um fruto do seu bom ou mau Orí, a resposta daquilo que você é.



Em nosso mundo Ocidental achamos que o valor do homem está na obtenção somente de bens materiais, e para o consumo destas necessidades não se mede esforços nem os meios de alcançá-los, mesmo que muitas vezes as formas usadas sejam totalmente incompatíveis com as Leis Superiores. Não há respeito nem pela natureza, nem com seus semelhantes.



Na África, no entanto existe em seu povo a Consciência Plena dos compromissos que existem entre as forças da natureza e os homens, e que o verdadeiro bem não está em usar estes poderes de uma forma inconseqüente, explicando-se assim sua simples forma de vida, os verdadeiros valores do homem não estão em sua conta bancária, mas em seu Elédà, no uso da sabedoria adquirida não somente para o bem de si próprio mas para manter o equilíbrio do planeta.



A terra é a sustentação da vida, todo o mundo físico está sobre ela, carros, asfaltos, prédios , plantação ou qualquer outra coisa, isto tudo faz parte da ilusão do homem, sua maior riqueza está na natureza, sem ar ele não vive, sem terra ele não anda, sem fogo ele não tem progresso, e sem água ele não nasce.



O ser humano vive obcecado dentro de suas ilusões, por isto ele adoece, trapaceia, chora, e ri, deixando-se levar por valores que não são dele mas da condição de uma sociedade, a sua origem pura está perdida em meio a tudo isto e o desequilíbrio se instala em seu Orí, gerando a inveja, a ansiedade, a impaciência, a depressão, ele é um ser desconectado de seu Eu interior (Elédà), sem isto não consegue ouvir sua própria consciência e chegar verdadeiramente a Deus.



Quanto mais nos aprofundamos conseguindo entender a grandeza da sabedoria divina, mais distantes estaremos das banalidades, uma vez que a riqueza já está codificada dentro de nossa alma, é uma força sutíl que nossa sensibilidade grotesca não consegue perceber, e como resultado não temos paz, felicidade e prosperidade.



Antes de qualquer compromisso com Ifá, esta pessoa deve estar informada e preparada para assumir esta conduta.



A lealdade com o princípio Divino, estará acima de tudo.



A Transformação dos filhos Iniciados em Ifá:



No momento da iniciação o destino vivido por esta pessoa até então, estará sendo limpo, enterrado, dela serão tiradas todas as forças contrárias, e haverá uma mudança no trajeto até então vivenciado, fazendo com que seu Orí encontre o destino do momento de sua concepção, apagando as imperfeições conseqüentes de sua vida refletida pela sociedade onde nasceu, cresceu e vive para reencontrar a sua origem perfeita.



Mas para que esta força de fato venha adentrar em seu Orí e passe a fazer parte de sua existência estes novos filhos deverão procurar além de cumprir leis, entender, estudar o sentido desta filosofia para que a magia desta iniciação prevaleça neste Orí, sendo ela independente de seu Órìsà Guardião.



Ifá, é um culto tradicional considerado a fonte de todas as outras formas de adoração, é um livro de orientação, um roteiro, que trata você como indivíduo único e através do qual receberá suas regras de conduta pessoais Ewos, (leis) de acordo com sua origem ancestral, leis estas que irão levá-lo a obtenção da realização de sua felicidade de acordo com sua própria história e missão.



Aqui não pode haver a alimentação de sonhos que não fazem parte de seu destino, mas a leitura daquilo que você sempre foi, desde os primórdios e a busca de seu aprimoramento através das soluções apresentadas nos jogos divinatórios de Ifá. Assim em nada se parece a qualquer religião, associações ou fraternidades que existem, onde todos são tratados como massa independendo da inteligência, e onde seu Eu Interior não é respeitado.



O aprendizado correto da forma de sua cultuação requer um grau elevado no domínio de seu comportamento já cheio de vícios de personalidade este é o verdadeiro Àse, o nascer novamente com a maturidade e a consciência adquirida e poder reformular sua vida de forma a satisfazer sua vida.



Ritual de Iniciação em Ifá:



Primeiro o candidato será apresentado ao sacerdote, que jogará então o Opele-Ifá, e através dele terá a visão plena das condições necessárias para que este Orí possa receber esta iniciação. Jamais esta avaliação será feita através do jogo de búzios como é de costume aqui no Brasil.



Uma vez aceito, esta preparação será feita com um mês de antecedencia, quando então o sacerdote irá para a floresta sagrada à procura das sementes também sagradas, o Ikin, e então passadas por rituais que somente os Bàbáláwò podem executar.

Estas sementes são dotadas de três ou mais olhos (3.º olho, Iwa Yi, o olho do caráter), e serão escolhidas para cada pessoa de acordo com os Odú que caíram durante o jogo, não podemos esquecer que Ifá traduz a sua individualidade.

Durante o ritual iniciático, enquanto estão sendo batidas as sementes de ikin, o sacerdote estará recitando os versos (Itan) dos 16 Odú principais, mais Odú-Ifá Oseturá, que representa a criação da diversidade no Universo, e assim a visão dos inúmeros caminhos traduzidos pelos Odú, dando a Òrúnmìlà o nome de Eleripin (A Semente da Criação).

Estas sementes rezadas individualmente será o Ibá-Ikin-Ifá, elemento que fará a ligação de seu Elédà com sua origem Divina o qual estará relacionado aos primeiros 16 Odú, os Órìsà primordiais, e a multiplicação destes. A sua matriz de origem estará sendo invocada para dar sentido a sua vida aqui na terra.







Esù-Ifá







A ilusão nos causa impressões de que algo visto de perto pareçam simétricas, e quando vistas à distancia terão um novo foco, assim vice e verça. Partindo deste princípio tudo depende do modo como se "olha", assim a justiça, ou a injustiça, o bem e o mau, assim como é importante as pessoas terem em conta que muitas vezes aquilo que lhes faz bem hoje, com o tempo pode não ser, da mesma forma que aquilo que hoje é ruim, amanhã poderá ser muito bom.



Para a cultura Yorùbá, Èsù é o justiçeiro Divino, aquele que olha tudo, que leva a Olódùnmarè os anseios do homem e o trás de volta em forma de benefício, Àse ou não.



Tudo o que existe tem sua polaridade, e Èsù será aquele que nos dará a pista de qual o caminho tomar, ele traduz a linguagem densa de nossa crosta terrestre para chegar no divino, gerando caminhos (Odú), portanto ele é a primeira semente geradora.



Quando você conversa com a natureza e isto lhe trás benefício é Èsù que traduziu o seu código mental para a energia pura, trazendo de volta em forma de prazer interior.



Se o Ikin-Ifá é a mente, para cada inciciado será então plantado um Èsù, pois ele é quem vai transformar os desejos interiores no seu mundo paupável, a mente é a razão, e Èsù o gerador, aquele que faz conceber, nascer, criar e tornar possível os frutos desta razão.



Ele será plantado em uma pedra na qual os sacerdotes invocarão um espírito, e daí por diante você deverá criar uma afinidade de tal forma que tudo o que faça possa com ele dialogar, em todos os momentos, todos os dias e horas, se não fisicamente, mentalmente, criar uma simbiose. Forças são energias vivas que não podem ficar paradas, se você não tem este contato, com o tempo se vão, e aí você perderá novamente este elo de ligação, e só lhe restará uma pedra.







Ikin-Ifá e Èsù-Ifá



Por conclusão, quando o iniciado recebe estes elementos sagrados o seu equilíbrio espiritual será completo, representando a unidade entre aquilo que se pensa e aquilo que se faz.



Aquele que vive somente dentro da razão concentra na parte central do seu corpo esta energia, e viverá sempre tenso, dores de cabeça, mau humorado, é um ser nervoso.



Quando ao contrário a pessoa se agita muito mais do que faz, serão aqueles que não sabem nem o que fazem, nem para onde ir, e vivem se debatendo de um lado para o outro sem sentido ou objetivos.



O equilibrio está em pensar, e fazer. O Orí cria objetivos, os pés correrão o mundo, e as mãos farão o que precisa.



A manutenção deste enorme bem recebido terá que ser cumprido, sob muitas formas: Ao se levantar de manhã, em jejum sem falar com ninguém deverá orar para eles. Todas as sextas-feiras fará sua oferanda da semana. A cada 30 dias, sua oferenda de mês. E a cada ano será feita festa em sua homenagem. Todos os preceitos, oferendas ou qualquer coisa que fará sempre será sob a orientação de um Bàbáláwò, nenhum outro grau hierarquico dentro de nossa religião está apto para dar orientação sob a conduta e procedimento para os filhos de Ifá. É bom que se diga que na África, Bàbáláwò não são possuidos pelos Eleguns, e este um título é usado no Brasil indiscriminadamente por pessoas que não conhecem a profundidade de seus reais fundamentos.






Centro Cultural Omo Odùdúwà




Tel.: (11) 3501.1565 / 3501.1657

TEMPLO OMOODUDUWA AFRICANO - Tel.: - (81) 3429.6188

Brasília - Tel.: - (61) 8155.1039



E-mails: faleconosco@aseomooduduwa.com.br



Bàbá Prince Solà








terça-feira, 2 de outubro de 2012

Bocio - etnia Fon


Entre os Fon, distinguem-se dois tipos de objetos de culto.

Um deles são os altares Assen, espécie de cetros decorados com lâminas zoomorficas.
A segunda categoria são os objetos chamados Bocio, (Bocchio / Bochio / Boccio / Bocie / Bocio / Botchio) , usados nas cerimonias Vodu, para atrair os espiritos do bem e afastar as forças do mal.

A raiz da palavra é formada por duas silabas:


bo, significando conferir poder

cie, significando defunto, cadaver


Portanto bocie quer dizer conferir poder ao cadaver , num objeto de poder que se assemelha a um ser humano.
Essas grandes estatuetas de madeira representam o corpo de pessoas e são plantados no chão na entrada dos vilarejos ou das casas.
Sua função é dar proteção aos moradores afastando os maus espiritos.
Essas imagens são feitas pelos ferreiros sob a orientação do adivinho de Fa.
São frequentemente esculpidas sobre um galho e recobertas de substâncias magicas ate encobrir totalmente os contornos da figura.
Essas substâncias são feitas de sangue, oleo de palma, cerveja e partes de animais que facultam poderes magicos ao Bocio.
Além das figuras Bocio, grande parte da arte Fon é encomendada pelas cortes reais.
Tecidos e bandeiras com apliques usadas no passado como uma espécie de brasão penduradas nas paredes ou usadas em procissões.

Publicada por Claudio Zeiger









O Asen representa os mortos, e com exceção dos reis e das personalidades, não costumam retratar o falecido.


O Asen não tenta representar o caráter.

De outro lado , quando presente no momento de um ritual para o morto, ele permite invocar o espirito de alguma pessoa

Sua presença parece indicar que uma pessoa está sendo confrontada. Não obstante ´´e um suporte para uma ação ritualística. O termo altar móvel descreve bem sua função nesse contexto.

É uma peça bastante leve para ser levada de um local para outro e se necessário favorece a transportar a refeição sagrada para aqueles que não podem absorver os elementos materiais.

Ha dois tipos de assen usados pelos Bokonon, Assen Acrelele e o Assen Hotagantin.

O primeiro é fixado no solo diante do consultante pelo advinho, antes do jogo, permitindo que o sacerdote enxergue o passado, o presente e o futuro.

Esse objeto possui um topo metálico recurvado que pode ser usado para o adivinho apoiar o seu ombro.

O Asen Acrelele não se reporta aos ancestrais do Bokonon, mas a todos os seus antecessores falecidos, cuja presença é aguardada para dirigir a cerimonia.

O Asen Hotagantin não é proprimente um altar , mas um simbolo das casas de boa reputação.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Conceito e Religião


O caminho para fé

Comumente as dores e sofrimento, são os responsáveis pelo ingresso das pessoas as Casas de Tratamento Espirituais, observando-se em menor número aquelas que as procuram por desejar conhecer ou estudar esta ou aquela Doutrina.
                Em qualquer dos casos, é fundamental que o recém-chegado busque a orientação espiritual, seja através de consultas ou de grupos de orientação formados por médiuns intuitivos preparados para essa tarefa.
                Essa orientação indicará qual o tratamento mais adequado, evidenciando-se, contudo a necessidade de conhecimento de causa, aceitação da necessidade do tratamento seja por ebó ou ètùtù como recursos básicos em qualquer situação.
                Todo recém-chegado ou iniciado tem como meta estudar e se aprofundar em todo histórico religioso, deixando bem claro que para estudar e compreender qualquer Doutrina Espiritual o indivíduo não precisa ser ou ter passado por nenhum tipo de ritual iniciativo. Quero lembrar aos mais radicais que as Universidades, cito: USP, PUC, URJ entre outras, que oferecem os cursos de Sociologia e Antropologia, são em sua maioria alunos que nunca tiveram se quer ouvido falar no Culto aos Òrìsà (Orixas) e entre tanto as portas e segredos deste culto são escancarados sem nenhum critério; fazem isto claro os maus Sacerdotes se é que assim possam ser chamados com a intenção de aparecer.
                Enquanto seus filhos ou seguidores, que estes sim, precisam de orientação e ensino tem como resposta que ainda não está na hora, ou pior, a fruta só da no tempo....
                Temos também outro grupo composto por pessoas que só veem o lado divertido das manifestações, onde se busca a predição do futuro e onde se utilizam os espíritos que a isso prestam para futilidades e zombarias de toda espécie.
                Aos espíritos levianos muito agrada esse tipo de culto.
                O simples e bom senso diz que elevados não comparecem a cultos desse. Cometeria uma profanação aquele que convidasse para semelhantes cultos individualidades veneradas porque seria misturar o sagrado com o profano.
                Existem também pessoas que tem a necessidade de ver algum tipo de manifestação física.
                Para muitas, oferecem mais um espetáculo curioso do que instrutivo.
                Para os incrédulos estes saem delas mais admirados do que convencidos. O mesmo não se da com aqueles que hajam estudado porque compreenderão antecipadamente possibilidade dos fenômenos e a observação dos fatos positivos que lhes determina ou completa a convicção se houver subterfúgios, estarão em condição de descobri-los. Quando dirigidas com métodos e prudência dão bons resultados; entretanto, há que e reconhecer que foram experiências dessa ordem que levaram os pesquisadores à descoberta de leis que regem o mundo invisível e para muita gente constitui meio de convicção.

CONSCIENCIA INSTRUTIVAS

                De caráter muito diverso dos anteriores onde se pode ter o verdadeiro conhecimento quanto à equipe de estudo, visam elevados objetivos de fraternidade, ensinamento e elevação. A primeira condição é que sejam reuniões sérias onde se vai cogitar de coisas uteis, excluindo-se todas as outras.
                Para isso, há que se contar com a presença de bons sacerdotes que acorrem onde se agrupem pessoas bem intencionadas e em condições propícias.
                As reuniões de estudo são de imensa utilidade para seguidores de manifestações inteligentes, sobretudo para aqueles que desejam seriamente aperfeiçoar-se em seu trabalho e que a elas comparecem sem serem dominados pela tola presunção de infalibilidade. O bom aprendiz é aquele que não abrange apenas o ensinamento moral que se é passado, mas, também, o estudo dos fatos.


CONCEITO DE RELIGIÃO

                Definição:- Religião (do latim, religar, liga, unir) quando bem compreendida deveria ser um laço que unisse os homens entre si, através de um mesmo pensamento ao princípio superior das coisas.
                Sabemos que existe na alma humana um sentimento natural, a busca da perfeição identificando o bem e a justiça, sentimento este que esclarecido pela Ciência, fortificado pela razão, apoiado na liberdade de consciência viria a ser móvel das grandes ações, mas que uma arma falseada, materializada tornou-se pela inquietação das teocracias um instrumento de dominação egoística.
                A religião deve ser simples, sem formas, sem cultos exteriores.
                A verdadeira religião é um sentimento é no coração do ser humano, e não nas formas ou manifestações exteriores que está o melhor Templo de Deus.
                As religiões são formas de reintegração do homem às leis naturais, instituições sociais em que se condensam as instituições espirituais que indicam ao homem o caminho de volta a Deus.
                Ao voltarmos ao passado refletindo sobre as religiões existentes na época, ficamos perplexos ao verificarmos o quanto são lentos a marcha e o progresso do ser humano no que diz respeito a cultos e crenças religiosas.
                Tudo nos parece um grande mistério, porém, numa grande analise mais profunda se constata que todas as crenças e religiões, com suas formas materiais e cerimoniais extravagantes, tinham por objetivo chocar a imaginação do povo.
                Por detrás desses mistérios as religiões antigas apareciam sob diversos aspectos, tinham ao mesmo tempo um caráter grave e elevado ou científico e filosófico; seu ensino era duplo: exterior e público, mas também interior e secreto, onde só era permitida a participação dos iniciados, ou seja, escolhidos, que eram preparados desde a infância e por toda sua vida para o conhecimento cientifico e religioso, trabalhando seu caráter e despertando as faculdades da Alma.
                Os iniciados conheciam também os segredos das forças naturais, fluídicas e magnéticas, baseando-se em certos poderes da natureza.
                Comunicava-se com os poderes ocultos do Universo, e os que detinham esses conhecimentos eram chamados e eleitos e os seus atos tidos como sobrenatural.
                Toda religião teria duas fazes: uma aparente (forma e letra) e outra oculta (espírito); debaixo do símbolo material dissimulavam o sentido religioso.
                O Bramanismo (Índia), o Hermetismo (Egito), Politeísmo (Grécia), Egbe Yorubá (sociedade Yorùbá), o próprio Cristianismo em sua origem, tinham aspecto duplo.
                Para conhecer esses aspectos é preciso um estudo minucioso de cada uma delas e sua importância perante seu povo e sua época.
                Desprendendo-se do seio dos mitos e dogmas, o principio gerador que lhes comunicava a força e a vida, descobre-se a doutrina única, superior e imutável, e que todas elas não são mais do que adaptações imperfeitas e transitórias proporcionando as necessidades dos tempos e dos meios.
                Após pacientes estudos e numerosas descobertas, Max Muller (escritor) conseguiu reconstruir esses ensinos secretos e desvendam dos seus mistérios chegou-se a conclusão de que todos os ensinos das religiões antigas se ligam porque em suas bases encontram-se os mesmos fundamentos revelados de tempos em tempos, por inúmeros mensageiros e missionários de Deus.


O SENTIMENTO RELIGIOSO

                A origem do sentimento religioso esta baseada na lei de adoração, sentimento inato ao homem, desde o despertar de sua atenção para as coisas que o envolve.
                Do homem primitivo aos dias de hoje a adoração passou por varias fases de evolução; algumas foram importantes e se conservam até hoje; outras se perderam no tempo, porém todas tiveram sua importância.
                O processo de adoração se desenvolve desde o reino mineral ate o nominal, ligados entre si, se misturando, da passagem de um estágio a outro.
                O homem carrega sua herança através do tempo.
                Desde a origem do sentimento religioso, os pesquisadores afirmam que aliado ele, já se conhecia a crença na sobrevivência da alma, embora com outros nomes.
                O primeiro fato concreto surgiu com a crença em uma força misteriosa que podia manifestar-se através dos objetos e coisas, podendo também atuar em seres humanos.
                Ficou conhecida com o nome polinésio de “Mana” e “Ordena”, sua força produzia os mais estranhos fenômenos, isso foi verificado entre diversas Tribos primitivas na África, Brasil e nas diversas regiões do Mundo.
                Os sacerdotes do culto aos Irunmòle (òrìsà) se utilizam dessa força para realização dos seus trabalhos e curas.
                O segundo fato é a prova da existência dos próprios espíritos, divindades Africanas e das práticas mágicas.
                Período chamado de Antropomorfismo, que é a característica psíquica do mundo primitivo, a maneira rudimentar da interpretação da natureza pelo homem.
Classificada da seguinte forma:
Litolatria: adoração às pedras e coisas da natureza
Fitolatria: adoração aos vegetais, plantas, flores, árvores
Zoolatria: adoração aos animais
Mitologia: adoração aos Deuses
                Com o desenvolvimento da razão, o homem transfere sua adoração para seres humanos, cultuando seus mortos¸ seus antepassados.
                Surge assim o Culto aos Ancestrais, Osíris, Iris, Hórus, Odùdúwa, ngó, Òsóòsí, Ògún, entre outros, foram cultuados como ancestrais e se tornaram mitos.
                Assim como a Zoolatria; surgem verdadeiros deuses de formas estranhas e absurdas, gente e animal ao mesmo tempo, cultuados no antigo Egito.
                A Mitologia foi um de muitos sacrifícios num verdadeiro festival de oferendas, onde a África e a Grécia foram os lugares que mais se apegaram a esse tipo de adoração.
                O homem já trazia a intuição de Deus, ou de um superior, que ele não compreendia, mas identificava nos fenômenos da natureza tais como a chuva, o trovão, etc.
                Ainda hoje, as tribos mais primitivas que não tiveram contato com os povos mais avançados bem como com suas religiões, temem e cultuam a Deus.
                Essa crença ou intuição de Deus foi o gérmen de todas as religiões, que se se desenvolveu a partir de então, tomando rumos diferentes e adquirindo características divergentes. No entanto, em pelo menos dois aspectos, todas elas concordaram sempre: A existência de um ser ou seres superiores, que chamaram Deus ou deuses e na existência de um mundo espiritual, imperceptível aos nossos sentidos, mas atuante, onde para eles, habitavam os deuses ou demônios.
  
A  EVOLUÇÃO RELIGIOSA

                Foi entre os povos primitivos do Oriente que surgiram as primeiras organizações religiosas da terra; aos qual Jesus enviava periodicamente seus mensageiros e profetas.
                Naquela época por não haver a escrita, as tradições se transmitiam de geração a geração pela palavra; com o surgimento da escrita, faz-se surgir uma nova era de conhecimentos espirituais no campo religioso.
                Os primeiros povos a nos trazerem escritos religiosos foram os “Vedas”, e isso já faz uns seis mil anos (A.C.), textos estes que inspiraram várias linhas filosóficas da Índia.
                A partir do ano 3.000AC, surge às doutrinas orientais: a trilogia Chinesa, o Islamismo, o Budismo e a tradição Yorubá, embora esta se utilizasse do recurso da escrita.
                Mais ou menos 1000 AC sábios, sacerdotes e o povo judeu recolheram lendas, tradições, costumes e leis que agrupadas formaram o Velho Testamento, daí para frente o povo passa a crer na existência do Deus único.
                Certamente a Gênese de todas as filosofias da humanidade teve sua origem sob ascendência de Amor de Deus, que na direção do planeta Terra sempre nos enviou os seus emissários para pregar o amor, a justiça e a sabedoria.
                O seu desvelado amor acompanhou de tempo em tempo a evolução de todas as criaturas em todas as direções da Terra.
                A história da China, da Pérsia, do Egito, Índia, dos Árabes, Israelitas, Africanos, Gregos, Judeus e Romanos estão clareadas pelas leis dos seus poderes.
                Todos cumpriram seus deveres como se fosse Ele próprio em sucessivas reencarnações.
                No Mana Darva encontramos a lição de Deus, na China com sua Trilogia Fo-Hi, Láo Tsé e Confúcio (3.000 AC).
                No Tibet nos ensinamentos de Buda, no Pentateuco de Moisés, no Alcorão de Maomet, no Monólito de Ninrod Odùdúwa na tradução de sua cabala Yòrùbá.
                Cada raça recebeu a seu tempo seus instrutores como se fosse enviado de Deus na resplandecência de sua glória.
                Cada emissário trouxe uma das modalidades da grande lição do Mestre da Galileia.
                A verdade é que todos os livros e tradições da antiguidade guardam entre si a mais estreita unidade substancial evoluindo gradativamente em conhecimento a respeito de Deus em toda a sua essência e amor.
                Porém, o orgulho, a vaidade, a iniquidade modificaram o verdadeiro e único sentido de cada religião uma fonte de satisfação salientando que muitos cultos do Oriente e do Ocidente caminharam para o Terreno da dissolução e da imoralidade.

 Kekere Awo e Bàbálòrìsà  Ifágbòàlá Èsú