Sángò ,
Sángò oluaso
akata yeriyeri
Olukoso, eegun ti n yona lenu
Sángò Oluaso, o dragão faiscante
Olukoso, a divindade
que lança fogo pela boca.
Sángò, o quarto rei (Alafin) de Oyo,
pertencia a uma família temida e respeitada. Governava a cidade de Eyeo
(Katunga). Filho de Oranyan, o poderoso guerreiro, por sua vez, descendente de
Odùdúwa, teve como esposas, entre as quais Òyá, Òsùn e Obá. Destemido,
poderoso e grande conhecedor de magia, gostava de exibir seu poder, por
exemplo, lançando labaredas de fogo pela boca, ao falar. De índole forte , seu
procedimento o levou a perder o respeito de seus conselheiros e do povo em
geral.
Tendo causado desentendimento entre dois de seus
conselheiros estimulou a discórdia gerada, provocando uma briga que culminaria
na morte de um deles. Esse fato repercutiu e ele tornou-se odiado por seus
súditos. Não podendo suportar tal situação, fugiu da cidade de Oyo,
sem destino. Andava a esmo acompanhado apenas por Òyá, pois seus mensageiros,
entre os quais, Osùmàrè, Dada, Oru e Timi, já o tinham abandonado. Ao
chegar ao limite da cidade, antes de deixar Oyo, voltou-se para
trás e viu que apenas Òyá o acompanhava. Sua tristeza aumentou e, sem saber o
que fazer, aproximou-se de uma árvore chamada ayan, plantada à
beira da estrada e ali se enforcou. Esse lugar viria a ser chamado Koso (não
se enforcou). Após sua morte, Òyá caminhou rumo à cidade de Irá e no
caminho transformou-se no rio que ficaria conhecido como rio Oyá (odo Oya).
Quando a notícia de que o rei se enforcara chegou à
cidade, o povo clamava: "Oba so! Oba so!" - O
rei se enforcou! O rei se enforcou! Isto provocou irritação nos amigos que
haviam permanecido fiéis ao rei. Porém, estes constituíam minoria, sem poder de
revide. Dirigiram-se então à cidade de Ibariba, aprenderam artes de magia e
voltaram para vingar o nome do amigo. Capazes agora, de provocar fogo
espontâneo, começaram a incendiar as casas dos ofensores. A situação se
agravava quando ao fogo associavam-se vendavais, aumentando o número de casas
destruídas. Atemorizados e desejando apaziguar o furor de Sángò, os
cidadãos de Oyo mudaram a expressão Oba so - O
rei se enforcou, para Oba Koso - O rei não se enforcou.
Sángò tornou-se orixá em Oyo e seu culto espalhou-se
rapidamente pela terra dos Yorubás, vindo ele a ser um dos òrìsà
cultuados. Considerado não apenas feroz, mas também generoso, provedor de
filhos, dinheiro, curas e, especialmente, justiça, abomina falsidades,
mentiras, roubo e envenenamento.
Há uma grande quantidade de mitos nos quais Sángò
figura como personagem principal. Alguns apresentam muita semelhança com estes
aqui apresentados e outros, muitas diferenças. Um deles, por exemplo, o
apresenta como filho de Iemanjá, conforme o oriki: Omo olomi ti nje Iyemoja, Filho da mãe
d'água que se chama Iemanjá. É geral, entretanto, sua identificação com Jakuta - aquele que briga com pedras - a primitiva divindade dos raios,
relâmpagos e trovões.
Somente os Bàbá-mògbá, sacerdotes de
Sángò ou as Iya-Sángò, suas sacerdotisas, podem
responsabilizar-se pelos ritos fúnebres realizados para as vítimas de raio. As
punições de Sángò são consideradas nobres e as mortes por raio não devem
ser lamentadas. Sendo a casa atingida por um raio, seus moradores se afastam
dela temporariamente, cedendo lugar aos Bàbá-mògbá para que ali realizem
os rituais necessários.
Os devotos de Sángò usam colares de contas
vermelhas e brancas e seu sacerdote, que geralmente não corta o cabelo,
trança-o como as mulheres. Seus santuários, espalhados por toda a terra dos
Yorubás, consistem numa estaca de três pontas, em cuja forquilha fica uma
gamela contendo machados comuns e de pedra, chamados èdùn ara (pedra de
raio), considerados os instrumentos de punição. O povo lhe pede paz, vida longa,
bem-estar material, prosperidade e proteção contra o perigo de males ocultos.
A prática das qualidades de òrìsà aqui no
Brasil, leva os fiéis ao conflito de identidade do mesmo òrìsà.
Tendo como exemplo o Ajògún Ayrá que sempre foi um
inimigo de Sángò e sendo assim destruído por Olodùmárè por gostar de
matar os seres humanos.
O ègbè àjògún foi formado por duzentos Irúnmòlé não
sociáveis fazendo parte deste o òrìsà Ògún o único sobrevivente deste
clã .
Àjògún significa ser maléfico, tendo
em vista seu culto apenas nas tradições das Àjé e dos Òsò ou seja, culto
da má bruxaria.
O espírito de Ayrá é até hoje
cultuado nas Òògùn (magias) de nome àbìlù,de origem maléfica.
Pelo simples fato de odiar os seres humanos, este Irúnmòlé é muito
requisitado nos cultos de extrema malevolência.
Já no Brasil ganhou status de
rei,digno de culto comparado com seu grande rival Sángò.
Segundo ha mitos brasileiros, sem
referencia de origem Africana alguma, acreditam
os sacerdotes do candomblé que :
Texto extraido de um site de cambonble.
Segundo os mitos do candomblé, Oxalá permaneceu injustamente preso durante sete anos no reino de seu filho, Sángò, sem que este soubesse do fato. Grandes calamidades ocorreram em todo o reino devido a essa injustiça e quando Xangô finalmente descobriu o que havia acontecido com o próprio pai, resgatou-o da prisão e ordenou que fossem organizadas grandes festas em todo o reino, em sua homenagem. A festividade conhecida hoje como Águas de Oxalá remonta a esse acontecimento.No entanto, Oxalá estava muito alquebrado, ferido e entristecido. Apesar de toda a atenção que recebeu, a única coisa que desejava era retornar ao seu próprio reino, em Ifé, onde Yemojá, sua esposa, o aguardava. Xangô não podia acompanhá-lo pois precisava colocar em ordem o próprio reino e pediu a Ayrá que fizesse isso em seu lugar.Foi assim que Ayrá tornou-se o companheiro de Oxalá, pois a viagem foi muito longa já que Oxalá andava muito devagar (conta-se também que Ayrá carregava Oxalá nas costas) pelo fato de ainda estar se recuperando dos ferimentos que adquirira durante os sete anos de prisão.Durante o dia, eles caminhavam. À noite, Oxalá sentia frio e precisava descansar. Para aquecê-lo e distraí-lo dos próprios pensamentos, Airá mandava que acendessem uma grande fogueira no acampamento. Oxalá observava o fogo e Airá passava longas horas contando-lhe histórias do povo de Oyó.Desse modo, tornou-se tradição acender a fogueira no dia 29 de junho de cada ano (no Brasil), em homenagem a Airá e à viagem quefez em companhia de Oxalá.
Em alguns terreiros de candomblé cultua-se um grupo de qualidades de Xangô que recebe o nome de Ayrá. Também se acredita que Airá seja um orixá diferente de Xangô e que participa de alguns de seus mitos. O mais comum é considerar-se Ayirá como um Xangô branco.
Vemos neste caso um grande conflito de informações, primeiro o conto diz ser Ayrá um òrìsà destinto à Sángò. Ao chegar no final do texto ele ja afirma que este mesmo Ayrá é um Sángò Branco.
Aí lhe pergunto:
- Como seria isso em um País Negro???
Outro conflito é afirmar que foi Ayrá que carregou à Òsáàlá, sendo que este fato se ocorreu mas com o òrìsà Ògún.
Dentro de tantas eresias descritas podemos obsrevar que este conto esta longe da realidade Africana e só serve para confundir os leigos e amantes do culto ao òrìsà.
Este fato também ocorre com a palavra Aláàfin.
Aláàfin significa Rei e Afonjá seu trono ou Palácio e não òrìsà como querem afirmar alguns pesquisadores.
Quero deixar claro aqui, que meu
objetivo é colocar de forma clara e objetiva o verdadeiro significado das
palavras descritas sem apelidar de forma negativa as divindades Africanas,que
sem sombra de dúvidas são dignas de todo nosso respeito.
Quero afirmar que o respeito as
tradições Africanas é preservar seu culto de forma interina, sem fantasiar ou
delubriar seus seguidores.
Pois se o seu nome é Paulo não tem lógica chama-lo de
André.
Outros significados interessantes:
Opárá = vai e volta
Ògún‘já = Ogun come cahorro
Ìyá ògùn te = mãe que parou o
rio ògùn
Jágùn = titulo de guerreiro
Oni sègùn = senhor vencedor
Báàrú = nome do escravo de Sángò
Ìyà lòdè = mãe anciã ( toda mulher
que atinje a idade de 60 anos se é considerada ìyàlòdè).
Irúnmòlé - Òrìsà e Ancestrais
As entidades que habitam a
dimensão supra-sensível são denominadas irúnmòlé e entre elas
incluem-se os irúnmòlé divindades, associados à criação e
cujo asé advém de emanações diretas de Olodùmarè e os irúnmòlé
-ancestrais, associados à história dos seres humanos. Os
ancestrais masculinos, irúnmòlé -ancestres da direita - Bàbá-egun
- têm sua instituição na Sociedade Egungun e os femininos, irúnmòlé
ancestres da esquerda - Ìyà-agbá ou ìyámi - têm sua
instituição nas Sociedade Gelede e Ègbè eleeko.
Os ancestrais masculinos têm representações individualizadas enquanto os
femininos, exceto em ocasiões bem extraordinárias, são agrupados no singular Iyami
(minha mãe), tema a ser abordado adiante. A fórmula de invocação dos irúnmòlé
diz:
Os quatrocentos irúnmòlé do lado direito
Estes do lado esquerdo são os
chamados não sociáveis e foram expulsos por Olodùmárè. Os orisa, irúnmòlé-divindades,
estão relacionados à estrutura da natureza enquanto os irúnmòlé
-ancestrais vinculam-se mais especificamente à estrutura da sociedade. Os
antepassados são genitores humanos e os orisa, genitores divinos. O orisa
representa um valor e uma força universal e egun, um valor restrito a
determinado grupo familiar ou linhagem. Aquele define a pertença do ser humano
à ordem cósmica e este, sua pertença à determinada estrutura social. Segundo
Elbein dos Santos (1986), os òrìsà regulam as relações com o sistema
como totalidade, enquanto os egun regulam as relações, a ética e a disciplina
moral do grupo.
Òrìsà
Os òrìsà são, segundo
Awolalu e Dopamu (1979), deuses com d minúsculo. Emanações do Ser Supremo, dele
possuem atributos, qualidades e características e têm por propósito servir à
vontade divina no governo do mundo. Algumas destas divindades são primordiais,
isto é, participaram da criação do mundo; outras são ancestrais que por suas
vidas exemplares[2], foram deificados e outras
personificam forças e fenômenos naturais.
Entre as divindades primordiais
figuram, por exemplo, Orixalá, também chamado Obáàtalá ou Òsáàlá;
Orúnmìlá, também chamado Ifá e Èsù, conforme
se pode ver no mito cosmogônico[3].
Entre os ancestrais deificados figuram Sángò, o quarto rei de Oyo,
identificado com Jakuta, a primitiva divindade dos raios, relâmpagos e trovões.
Personificando fenômenos e forças naturais, há milhares de espíritos,
associados às montanhas, montes, rios, rochas, cavernas, árvores, lagos,
riachos, florestas. Como por exemplo, o monte rochoso Olúmo, de Abeokuta,
a quem os egba atribuem a ajuda diariamente recebida.
Os nomes dos òrìsà são
descritivos, informando sobre sua natureza, caráter e funções ou
possibilidades. Por exemplo, Jakuta, aquele que briga com pedras, é a
divindade do raio e com raio pune os faltosos; Olokun (Ol'= Senhor /
okun = mar) é o Senhor do mar; Sápánon (soponna
= varíola) é a divindade que pune com varíola, ou promove sua cura. De quantas
divindades se compõe o panteão? Em Ile-Ifé, Idowu foi informado que o conjunto
soma 200, sendo o rei de Ifé considerado a 201a, o que perfaz um total de 201.
Outras fontes orais referem-se a um total de 401, 600, 1060, 1440 ou ainda, 1700.
Em cada localidade o panteão é
regido por uma arqui-divindade - o ser espiritual mais importante abaixo de
Deus. As divindades são simultaneamente boas e más, podendo trazer felicidade
ou infortúnio aos homens.
A palavra òrìsà é de
etimologia obscura. Entre as inúmeras tentativas de elucidação de seu
significado, inclui-se um mito apresentado por Idowu, que transcrevo a seguir:
Olodùmárè designou òrìsà para vir ao mundo com Orúnmilá. Passado algum
tempo, a arqui-divindade quis possuir um escravo. Dirigiu-se ao mercado de
escravos em Emure e comprou um, de nome Atowoda, aquele
que alguém traz sobre a própria cabeça. Prestativo e eficiente, trazia
muita satisfação ao seu senhor. No terceiro dia de convivência Atowoda
pediu a òrìsà que lhe cedesse uma porção de terra para cultivo próprio.
Teve seu pedido atendido e tornou-se proprietário de terras na encosta da
montanha que ficava próxima à casa de òrìsà. Em apenas dois dias de
trabalho limpou o mato, construiu uma cabana e cultivou uma fazenda, deixando
seu amo muito bem impressionado. Mas o coração de Atowoda não era
bondoso e nele germinou o desejo de destruir o amo. Procurando a melhor maneira
para realizar seu intento, maquinou um plano: havia na fazenda grandes pedras e
uma delas poderia, em momento oportuno, ser deslocada do alto da montanha, de
modo a rolar morro abaixo e cair sobre òrìsà. Escolhida a pedra
adequada, preparou-a para que pudesse ser facilmente deslocada. Uma ou duas
manhãs depois, Orisá encaminhou-se para a fazenda. Atowoda
o espreitava sem esforço, pois seu senhor vestia roupas brancas, destacando-se,
nítido, na paisagem verde. No momento oportuno, Atowoda
movimentou a pedra e a arqui-divindade, entre surpreso e aterrorizado, não teve
como escapar e sucumbiu sob o peso da pedra, partindo-se em muitos pedaços, que
se espalharam por toda parte.
Orúnmilá tomou conhecimento do ocorrido e,
servindo-se de certas práticas ritualísticas recolheu os pedaços de òrìsà
numa cabaça: Ohun-ti-a-ri-sa - o que foi encontrado e
reagrupado. Alguns pedaços foram levados a Iranje, lugar de origem da
arqui-divindade e outros foram distribuídos por todas as partes do mundo. A
palavra Orisá seria, pois, contração de Ohun-ti-a-ri-sa e
esse teria sido o início do culto em todo o mundo. Este mito sugere que
originalmente Orixá era uma unidade da qual decorreram todas as divindades.
Sugere também que o Uno manifesta-se no múltiplo e que aquilo que é dividido
será um dia reagrupado.
Segundo outra interpretação, a
palavra òrìsà seria uma
corruptela da palavra orise, contração de Ibiti-ori-ti-se,
ou seja, origem (ou fonte) dos ori, designação do Ser
Supremo. Esta interpretação enfatiza a íntima participação das divindades na
obra de Deus na terra. Os orixás são designados por muitos outros nomes, entre
os quais, Imale, palavra talvez originária da contração de Emo-ti-mbe-n'ile,
que significa seres supremo na terra.
Quais são os principais òrìsà
e qual a hierarquia estabelecida entre eles? Algumas divindades são cultuadas
por toda a terra dos Yorùbás. Outras são particularmente reverenciadas nesta ou
naquela região. Assim, a divindade prioritariamente cultuada em determinada
localidade, como Òsùn em Òsògbò, por exemplo, torna-se a líder do
panteão local.
Selecionar algumas dessas
divindades para apresentação e, em seguida escolher os traços mais
significativos de cada uma delas, traços suficientes para caracterizá-las,
constitui tarefa árdua pois os dados são numerosos e sua articulação, complexa.
Espero que os órìsà não mencionados, seus devotos e simpatizantes,
possam desculpar a lacuna. Isso também pode explicar o fato das qualidades
retratadas apenas aqui no Brasil. Peço-lhes que não a interpretem como sinal de
irreverência, descaso ou desrespeito.
Fontes: Idowu, 1977; Awolalu & Dopamu, 1979. Maiores
particularidades a respeito do sistema divinatório de Ifá e os ìtàn aqui citados vide Capítulo 11